Governador Requião e a vice
francesa Pascale Loget.

O Paraná pode ser a melhor opção para suprir a demanda de soja convencional para a Bretanha, na França, região que produz mais de 50% de toda a produção animal daquele país. A França importa de 5 a 6 milhões de toneladas de soja por ano e cerca de 80% da população francesa se posiciona contra o consumo de soja transgênica.

Para estabelecer compromisso de compra da soja convencional do Paraná, está em Curitiba uma missão francesa liderada pela vice-governadora da Bretanha, Pascale Loget, que vai conhecer todo o processo de produção, fiscalização e escoamento da soja paranaense. “As informações que recebemos até agora são muito favoráveis para fecharmos um acordo imediatamente com o Paraná”, disse a vice-governadora.

Segundo um dos membros da delegação, René Louail, representante da Confederação Camponesa Européia, composta por 25 organizações de produtores de 15 países europeus, a França perdeu a confiança de comprar soja do Rio Grande do Sul, estado que atendia o mercado daquela região. Os franceses temem a contaminação da soja convencional pela soja transgênica que entrou livremente naquele Estado.

Segundo Louail, a região da Bretanha já sofreu muito do ponto de vista econômico com a disseminação da doença da vaca louca, além de enfrentar problemas com a qualidade da água e degradação do meio ambiente. “Não queremos enfrentar mais um risco de introduzir produtos geneticamente modificados para a alimentação animal”.

Na visão de Louail, os produtos transgênicos representam um sistema totalitário que não permite a existência de outro tipo de produção devido a contaminação das culturas em função da polinização. Ele teme ainda que a tecnologia dos produtos geneticamente modificados resulte na dominação de poucas empresas transnacionais produtoras de sementes.

Seleção

No Paraná, a região da Bretanha já tem contrato de compra de 300 mil toneladas/ano de soja convencional com a Coamo, de Campo Mourão. Os franceses estão confiando na luta do governo do Paraná para garantir a produção de soja livre de organismos geneticamente modificados. “O Paraná representa a evolução que permite garantia da qualidade do nosso abastecimento”, afirmou. Louail destacou que os franceses estão apostando na transparência das ações dos operadores econômicos em garantir a compra de uma soja pura.

De acordo com informações do Greenpeace, o plantio de transgênicos está proibido na França. Além do uso dos transgênicos ser proibido na fabricação de alimentos para o consumo humano, o governo francês quer, da mesma forma, que somente a soja pura seja destinada à ração animal.

O chefe da Divisão Sanitária de Inspeção Vegetal da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, Carlos Alberto Salvador, apresentou à comitiva francesa o processo de controle e fiscalização da soja no Paraná, trabalho que vem sendo realizado desde 1998. Segundo Salvador, o Paraná é o único estado brasileiro que controla a produção de soja e garante a qualidade e sanidade do produto do ponto de vista da saúde, meio ambiente e econômico.

Na última safra, 2003/2004 a Secretaria da Agricultura fiscalizou 8.300 propriedades consideradas áreas de risco, das quais 31 amostras submetidas a exames de laboratórios deram positivo. De acordo com Salvador, as área foram segregadas e a produção foi encaminhada para fora do Estado. No comércio de sementes, foram coletadas 1.519 amostras, com nove resultados positivos.

Para a safra 2005 e 2006, Salvador avisou que o controle será intensificado com o aperfeiçoamento da fiscalização do trânsito de caminhões e na saída da produção no Porto de Paranaguá. A partir de outubro, a Secretaria da Agricultura vai concentrar equipes de fiscalização no comércio de sementes e nos 28 postos interestaduais de fiscalização, para evitar a entrada de produtos contrabandeados.

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