O carnaval brasileiro é “made in China”, afirma nesta segunda-feira (7) o Financial Times. O jornal aponta que 80% das fantasias apresentadas na tradicional festa nacional foram importadas, principalmente da China, conforme dado da Associação Brasileira dos Importadores Têxteis (Abitex).

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Desde as criações das escolas de samba até vestimentas mais estranhas, como roupas do cantor Elvis Presley e máscaras de Osama Bin Laden, a maioria dos produtos é feita a partir de poliéster e de nylon chinês, junto com algum material da Coreia do Sul.

Segundo o FT, os baratos importados chineses inundaram o País nos últimos anos, parte como resultado da valorização da moeda nacional, paralisando diversas áreas da economia. Na avaliação do jornal, a situação representa um dos maiores dilemas políticos para a presidente Dilma Rousseff. “Há 15 anos, era completamente diferente. Era tudo brasileiro”, disse ao jornal britânico Jonatan Schmidt, presidente da Abitex.

A proprietária da loja Carnaval Store, Claudia Sakuraba, importou produtos da China com desconto de 40% em relação aos nacionais. “Quando o real se fortaleceu, ou quando o dólar se enfraqueceu, a indústria do carnaval reagiu como nenhuma outra. É claro que importamos mais”, afirmou a dona da Carnaval Store em São Paulo, que fornece para escolas de samba e lojas de fantasias.

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Conforme o FT, economistas argumentam que os esforços do Brasil para combater a apreciação do real são infrutíferos e que a única solução verdadeira, não apenas para a área têxtil como para toda a indústria, é melhorar o treinamento, investir em máquinas e desenvolver a infraestrutura.

Mas, para o jornal, apesar dos esforços da Petrobras para expandir sua produção de poliéster no Nordeste, “é improvável que o carnaval seja made in Brasil tão cedo”.

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