FMI vai discutir reformas

Brasília – O desempenho da economia brasileira diante da perspectiva de guerra entre Estados Unidos e Iraque e as reformas estruturais que o governo pretende empreender deverão ser os principais temas a serem tratados pela missão do Fundo Monetário Internacional (FMI) que já se encontra no Brasil. As primeiras reuniões com integrantes do governo federal estão marcadas para amanhã (12).

Essa missão do FMI tem dois objetivos básicos: checar o cumprimento das metas do programa com o Brasil referentes ao quarto trimestre de 2002 e fazer uma análise sobre a economia nos termos previstos no artigo 4.º do estatuto da instituição.

Todos os países membros do Fundo, mesmo os que não têm programas em andamento, passam por essa avaliação do artigo 4º. Ela trata do horizonte da economia nacional em 2003. Trata-se, porém, de algo difícil de avaliar, por causa da iminência da guerra e porque ninguém sabe ao certo quais serão seus desdobramentos sobre a economia. Hoje, os técnicos trabalhavam na elaboração dos cenários considerando os possíveis efeitos da guerra em temas como o comportamento da inflação e o crescimento econômico.

Nessa rodada de negociações, a idéia é mostrar que o governo não se limitará a lidar com as dificuldades conjunturais mas que há medidas sendo adotadas para o médio e longo prazos. Daí o peso que se pretende dar às reformas, como a da Previdência, a tributária e as microeconômicas, como a atualização da legislação sobre falências.

Será, porém, um trabalho delicado. Ao mesmo tempo em que pretende dar força às reformas, o governo não gostaria de colocar, no acordo, cláusulas que estabeleçam prazos para o avanço dessas discussões no Congresso. Será necessário encontrar o equilíbrio e os negociadores brasileiros estão orientados a não firmar pé antes do início das discussões.

A equipe econômica quer evitar repetir compromissos como o assumido pelo governo Fernando Henrique Cardoso, que condicionou as parcelas do empréstimo à edição da minirreforma tributária. O ministro da Fazenda, Antônio Palocci, tem tentado estabelecer uma diferenciação clara entre as políticas que o governo adota por decisão própria e os compromissos com o FMI.

Com relação à guerra, o quadro considerado pelos técnicos não deve ficar muito diferente daquele sobre o qual a Secretaria do Tesouro Nacional elaborou seu plano de financiamento para este ano. Nenhum cenário, mesmo o mais otimista, descarta a ocorrência de um conflito no Oriente Médio.

Os panoramas, mais ou menos favoráveis, se diferenciam pela duração da guerra. Na semana passada, o chefe da assessoria econômica do Ministério do Planejamento, José Carlos Miranda, disse que, no quadro mais pessimista, o governo teria de elevar a taxa de juros básica em três pontos porcentuais. Ele foi desautorizado em seguida.

O discurso oficial opta pelo cenário mais otimista, de um conflito de pouca duração.

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