FMI envia recado aos candidatos

Brasília (Das agências) -O Fundo Monetário Internacional (FMI) vai continuar apoiando o governo brasileiro, não importa quem seja o próximo presidente, desde que o eleito mantenha a política de estabilidade do atual governo. Esta afirmação, que revela a posição do FMI e serve de recado aos candidatos à presidência da República, foi feita ontem em Brasília pela vice-diretora-gerente do Fundo, Anne Krueger. Ela disse que ainda não tem conhecimento detalhado das propostas dos atuais candidatos, mas disse também que percebeu ?algumas inconsistências?, observada em declarações feitas pelos partidos envolvidos na disputa eleitoral.

A vice-diretora-gerente do FMI disse que não veio negociar um novo socorro ao Brasil, mas deixou claro que discute com o governo várias possibilidades para ajudar o País a superar a atual instabilidade financeira. Ela afirmou que ainda não há entendimentos específicos nem quanto ao tempo, nem quanto à natureza dessa eventual ajuda ao país. ?Vamos conversar em razão dos acontecimentos que forem tomando forma?, disse. Segundo Anne Krueger, apesar de ter observado ?inconsistências? nas declarações dos partidos, ela disse que é natural essas ?inconsistências? durante processo eleitoral.

Anne Krueger disse ainda que o rebaixamento dos títulos brasileiros pelo JP Morgan, ocorrido ontem, está relacionado com a atual situação política do País. O candidato que representa a garantia para os mercados de que a atual política será mantida, o senador José Serra (PSDB), caiu dois pontos em nova pesquisa, se distanciando no terceiro lugar de Ciro Gomes que se consolidou no segundo lugar e está em fase de crescimento. Anne reiterou que sua viagem ao Brasil estava programada com antecedência e que não teria como objetivo específico, neste momento, negociar um novo socorro. Porém, deixou claro que existe um canal aberto para negociação.

A diretora do FMI disse que o Brasil teve um desenvolvimento excelente nos últimos anos e que o Fundo se orgulha de ter sido parceiro do país neste período. Ela não evitou em comparar a situação brasileira com a da Argentina. Segundo Anne Krueger, os argentinos ainda não têm condições de receber apoio financeiro do Fundo, ao contrário do Brasil, que possui uma política econômica consistente. Anne chegou anteontem ao Brasil, sendo recebida por pequeno protesto de um grupo radical no Rio de Janeiro. Ela encontrou-se com o presidente do Banco Central do Brasil, Armínio Fraga, e ontem em Brasília foi recebida pelo ministro Pedro Malan (Fazenda) e Sérgio Amaral (Desenvolvimento) e pelo presidente Fernando Henrique Cardoso.

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