O Brasil deve ter “certa recuperação” nas taxas de crescimento em 2015, mas a perspectiva para o País e para a América Latina é de níveis de expansão menores do que em anos recentes, inferiores sobretudo ao período marcado pelo boom internacional do preço das commodities, entre 2002 e 2011. A afirmação foi feita pelo diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI) para o Hemisfério Ocidental, Alejandro Werner, em entrevista coletiva para apresentar estudo sobre a região em Lima, no Peru, transmitida pela internet.

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“Para 2015, o Brasil vai crescer um pouco mais, porque temos visto queda da incerteza (com relação à política econômica), e isso eventualmente vai ter efeito sobre o investimento. Também porque o programa de infraestrutura tem ganhado velocidade e deve ajudar o crescimento”, disse Werner.

A América Latina tem crescido muito pouco, afirmou o diretor, basicamente por culpa de Brasil e México, as maiores economias da região e que vêm tendo desempenho fraco desde 2012. A previsão para 2014 é de expansão regional de 2,5%, abaixo dos 2,7% de 2013.

“O crescimento deste ano da América Latina deve ser o menor dos últimos 11 anos, excluindo 2009, que foi marcado pela crise financeira internacional”, disse. Em 2015, a região deve ter uma recuperação e avançar 3%. Mas nas estimativas feitas para até 2019, a avaliação do FMI é que dificilmente os principais países da região terão os mesmos níveis de expansão vistos até 2011, período marcado por alta nos preços internacionais dos preços das commodities.

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Nos cenários traçados pelo FMI, mesmo se o preço das commodities permanecer estável nos níveis atuais até 2019, o crescimento anual do Produto Interno Bruto (PIB) dos exportadores de commodities da América Latina – Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Peru e Uruguai – seria 0,9 ponto porcentual menor que no período 2012/2013 e 1,3 ponto abaixo do período do boom dos preços, entre 2003 a 2011.

“Um cenário de preços estáveis das commodities afetaria o crescimento econômico da região e uma queda dos preços teria impacto importante (na atividade)”, disse Werner na entrevista, destacando que as estimativas numéricas são feitas por exercícios econométricos e sujeitas a incertezas.

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O diretor do FMI destacou que a região historicamente investe muito pouco e a perspectiva é de que os níveis de investimento continuem moderados. Por isso, ele reforçou a necessidade de reformas estruturais para destravar os gargalos na infraestrutura e melhorar a competitividade dos países.

Com a mudança da política monetária dos Estados Unidos em curso, os países da América Latina devem enfrentar volatilidade, disse o diretor. Para lidar com eventuais fugas de capital, Werner destacou que os países latinos precisam desenvolver bases mais amplas de investidores domésticos.