O crescimento da dívida corporativa é um problema sério que vem se agravando na China e que precisa ser combatido se Pequim quiser evitar um risco sistêmico para o país e a economia global, alertou David Lipton, vice-diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI).

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Enquanto a dívida total da China, de 225% do Produto Interno Bruto (PIB), não é particularmente alta para os padrões globais, sua dívida corporativa é de aproximadamente 145% do PIB, alta sob qualquer medida, avalia o FMI.

“A escalada da dívida corporativa é um problema chave na economia chinesa”, afirmou Lipton durante uma conferência na cidade chinesa de Shenzhen no sábado. “A dívida corporativa permanece um problema sério e crescente o qual deve ser endereçado imediatamente com um compromisso de reformas”, concluiu.

A experiência de países que viram uma massiva elevação da dívida no passado mostra a necessidade de agir rapidamente e lidar de forma eficaz tanto com credores como devedores, disse Lipton. Ele considerou que é preciso atacar problemas de governança no setor bancário os quais levam ao surgimento desse problema.

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Uma característica definidora da situação da China são suas companhias estatais, as quais, segundo os cálculos do FMI, são responsáveis por 55% da dívida corporativa mas produzem apenas 22% do ganho econômico.

Num ambiente de desaceleração do crescimento econômico, a queda nos lucros e alta do endividamento limitam a capacidade das companhias de pagar fornecedores e quitar dívidas. Lipton destacou que isso eleva a inadimplência nos bancos. Ele considerou que uma “estimativa conservadora” seria de que o nível de inadimplência da dívida corporativa alcance até 7% do PIB chinês.

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“O ‘boom’ do crédito do ano passado apenas aumenta o problema”, declarou Lipton. Na avaliação dele, muitas estatais já estão “respirando por aparelhos”.

A conversão de dívida em ações pode ter um papel na redução do endividamento, mas os bancos precisam estar preparados para conduzir uma triagem e ter autoridade para discernir entre companhias que podem ser salvas e outras que devem falir, disse ele. Lipton ainda questionou a proposta do governo chinês de fundir companhias estatais fortes com empresas frágeis. Para ele, isso não só não resolve o problema como mina a rentabilidade das boas companhias.

“A lição que a China precisa internalizar se quiser evitar um ciclo de expansão de crédito, inadimplência e reestruturação é melhorar a governança corporativa”, afirmou Lipton. Ele defendeu o fortalecimento da lei e de sistemas de transparência e pediu ainda um fim aos subsídios para companhias com conexões no governo. Fonte: Dow Jones Newswires.