O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central deve manter a cautela neste mês e reduzir o juro básico da economia em apenas 0,25 ponto percentual. A avaliação é do coordenador do IPC (Índice de Preços ao Consumidor) da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas, da USP), Paulo Picchetti. O juro básico está em 16,25% ao ano. A taxa foi reduzida em 0,25 ponto percentual em março, após ficar dois meses consecutivos – janeiro e fevereiro – inalterada.
Para Picchetti, apesar de o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo, do IBGE) ter recuado para 0,47% em março – contra 0,61% em fevereiro -, ficou acima das previsões do mercado, que apontavam teto máximo de 0,45% para o índice. Isso, portanto, pode ser considerado pelo Copom.
Além disso, Picchetti avalia que o nível de atividade industrial do País não indica, ainda, uma tendência definida, principalmente após a mudança de metodologia na pesquisa do IBGE, que dificulta comparações com a série histórica.
A produção industrial brasileira teve queda de 1,8% de janeiro para fevereiro de 2004, segundo dados do IBGE. Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, no entanto, o setor teve o sexto crescimento consecutivo (+1,8%). Vale lembrar que a base de comparação anual é fraca, pois o nível de atividade no primeiro trimestre do ano passado foi prejudicado pelas expectativas do setor com as ações do novo governo.
“Eu teria cautela (em relação aos juros). Seria preciso um conjunto de sinais que justificasse a redução de cautela, o que não estou vendo agora. O Banco Central ainda não tem elementos claros para avaliar a atividade industrial”, afirmou.
Picchetti considera também que o BC deve mexer “aos poucos” no juro, para evitar volatilidade da economia. Segundo ele, não adianta manter o juro por um ou dois meses e depois fazer um corte forte repentinamente.