Fipe eleva projeção do IPC de 2014 de 5,32% para 5,38%

O coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), André Chagas, elevou nesta quinta-feira, 04, de 5,32% para 5,38%, a projeção para a inflação acumulada na capital paulista em 2014, no âmbito do indicador da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). Em entrevista à reportagem, ele disse que a mudança está ligada à taxa efetiva mais forte do que era esperada para o IPC de novembro.

Nesta quinta-feira, a Fipe anunciou que o indicador de inflação registrou taxa de 0,69% em novembro. O número superou o intervalo de estimativas dos economistas do mercado financeiro ouvidos pelo AE Projeções, já que eles aguardavam um IPC de 0,57% a 0,65% para o período, com mediana de 0,61%. Chagas aguardava uma taxa de 0,64% e também foi surpreendido.

De acordo com o coordenador, o grande fator responsável pela surpresa de novembro foi o comportamento de alta expressiva do grupo Alimentação. No penúltimo mês de 2014, o conjunto de preços mostrou aumento de 1,55% ante elevação de 0,85% de outubro. A variação do grupo não apenas foi mais forte do que a de 1,49% imaginada pela Fipe como respondeu por 0,36 ponto porcentual (51,23%) de todo o IPC do mês passado.

Segundo Chagas, além da carne bovina (alta de 4,34%) e do subgrupo Produtos In Natura (avanço de 6,43%), que já vinham puxando o grupo Alimentação para cima, o subgrupo Produtos Industrializados se transformou em mais um fator de pressão. No fim de novembro, esta parte de alimentos mostrou variação positiva de 0,55%, com influência dos preços em alta dos Derivados da Carne (0,59%), dos Doces (1,38%), do segmento de Biscoitos e Salgadinhos (1,45%) e da parte de Açúcar e Adoçantes (2,94%).

Fora do grupo Alimentação, o coordenador do IPC chamou a atenção para o comportamento dos grupos Despesas Pessoais, que subiu 1,24% em novembro ante queda de 0,12% em outubro; Saúde, cuja alta foi de 0,71% ante 0,44%; e Vestuário (avanço de 0,72% ante 0,37%). Para Chagas, enquanto o conjunto de Despesas Pessoais foi afetado principalmente por um aumento de 7,05% do item Viagens, que tinha expectativa da Fipe de variação positiva de 5,38%, a parte de Saúde foi puxada por uma elevação de 1,16% em Contratos de Assistência Médica, e o grupo Vestuário foi pressionado pela sazonalidade.

Para dezembro, Chagas aguarda um cenário de IPC um pouco menos elevado, com a taxa desacelerando para o nível de 0,47%. Segundo ele, há sinais de melhora no grupo Alimentação, especialmente em carnes e nos itens in natura, mas mesmo assim a expectativa para o conjunto de preços é de alta de 1,14%.

O grande alívio do mês, conforme o coordenador, virá do grupo Habitação, que subiu 0,19% em novembro e que tem previsão da Fipe de queda de 0,01% para dezembro. De acordo com Chagas, a baixa esperada para a Habitação tem ligação com os novos descontos na tarifa de água estipulados pela Sabesp e também com as alíquotas menos intensas que as de novembro estipuladas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para o PIS/Cofins na tarifa da Eletropaulo.

Se a taxa de dezembro de 2014 for confirmada, ela será bem mais baixa que a de 0,65% de dezembro do ano passado. Caso a taxa de 5,38% for ratificada, será, no entanto, bem mais elevada que a de 2013, de 3,88%.

“Essa projeção de 5,38% poderá oscilar nas próximas quadrissemanas, conforme os ajustes que serão feitos em cada semana para o fechamento de dezembro”, explicou Chagas. “O número de 5,38% está um pouquinho acima do anterior de 5,32%, mas eu não digo que isso seja uma diferença muito grande”, opinou, não descartando um “sinal de alerta” para a inflação no momento com a taxa elevada vista em novembro.

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