Fila de caminhões com soja chega na RMC

A fila de caminhões carregados de soja rumo ao Porto de Paranaguá atingiu ontem quase 70 quilômetros de extensão. No meio da tarde, chegou ao Contorno Leste, na Região Metropolitana de Curitiba, e no início da noite estava quase atingindo a BR-376, segundo informações da Polícia Rodoviária Federal. A estimativa da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) era de que aproximadamente três mil caminhões aguardavam para descarregar. O tempo de espera de cada caminhoneiro chegou a 18 horas.

A situação foi agravada com a paralisação do porto no período da meia-noite da quarta-feira até às 10h de ontem, quando nenhum caminhão descarregou. Segundo o superintendente da Appa, Eduardo Requião, os caminhoneiros reivindicavam dos terminais o pagamento de horas paradas. Depois de muita discussão, ficou acertado que, duas horas depois da praça de pedágio, o caminhoneiro deverá receber por hora que permanecer parado na fila. “Eles gostariam de receber a diária mesmo sem estar dentro do pátio. A Superintendência achou a reivindicação correta e chegou a um bom termo”, informou Requião.

Segundo o superintendente, entram no pátio dois caminhões por minuto para descarregamento e deixam a triagem entre três e cinco caminhões por minuto. Ontem havia três navios atracados no cais: dois carregando grãos de soja e um, farelo de soja. Além disso, dez navios aguardam para fazer o carregamento.

“A safra cresce, e o porto cresce em velocidade diferente. É preciso estabelecer uma nova logística para não ter mais fila”, comentou o superintendente. Segundo ele, a construção de mais 820 metros de cais – cujo recurso de quase R$ 150 milhões está sendo pleiteado junto ao governo federal – amenizaria a situação. “O terminal existe há mais de vinte anos, e naquela época exportava cerca de três milhões de toneladas. Hoje, a exportação é o dobro.”

Dólar

De acordo com o diretor executivo da Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Estado do Paraná (Fetranspar), coronel Sérgio Malucelli, a alta do dólar é um dos motivos que está levando os agricultores a exportar mais cedo este ano. “No ano passado, com o valor que foi negociado internacionalmente, muita gente segurou a carga no Brasil. Este ano, negociaram tudo agora. E logo vem a safra de milho”, comentou. ” Se não for tomada nenhuma providência, a tendência é o movimento deve piorar.”

Segundo Malucelli, uma reunião teria sido marcada para hoje entre membros da Fetranspar e do Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos com os diretores de operação do Porto de Paranaguá. O objetivo seria discutir o valor que os terminais têm de pagar pelo tempo de permanência do caminhoneiro na fila e a execução do projeto “carga on line”, através do qual o porto coordena o movimento de grãos no Estado. “O projeto não vai acabar com a fila, mas deve reduzir bem”, apontou. De acordo com Malucelli, os caminhões não deveriam demorar mais do que oito horas para chegar ao Porto de Paranaguá e descarregar – tempo contado a partir da praça do pedágio -, mas estariam levando cerca de 18 horas.

A estimativa da Appa é exportar cerca de seis milhões de toneladas de grãos durante a safra. A produção do Estado, safra recorde, é estimada em 10,5 milhões de toneladas.

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