O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, informou à ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, que vai fazer uma campanha para ajudar o governo a aprovar a Medida Provisória 595, conhecida por MP dos Portos. O texto será apreciado na Câmara dos Deputados a partir da semana que vem.

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“Pretendemos articular. Vamos além do corpo a corpo”, disse Skaf, em entrevista nesta segunda-feira, 29, à saída da audiência com Gleisi, esquivando-se de comentar se a ministra revelou a estratégia do Planalto para tentar apressar a votação da MP, que propõe uma nova regulação para o setor portuário.

Skaf não disse, mas o governo quer e está pedindo o apoio, não só da Fiesp, mas de outros setores produtivos, interessados em melhorar a produtividade do País, para aprovar o texto, com algumas modificações consideradas inaceitáveis.

Skaf listou algumas das alterações introduzidas na MP, que foi enviada ao Congresso pelo Planalto, mas que precisam ser revertidas. Segundo o presidente da Fiesp, a ministra se mostrou preocupada com o rumo que toma a votação de alguns pontos da MP. A Fiesp e o governo discordam da prorrogação “não inferior a dez anos” dos contratos vencidos, como estabeleceu o texto do relator senador Eduardo Braga (PMDB-AM). O governo queria licitação dos contratos encerrados, mas aceitava prorrogação de até cinco anos.

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“Ora, isso pode ser uma prorrogação de dez, 11, 20, 21, 50 anos. Quando você fala de pegar um contrato que está vencido, cujo preço é caro, os custos são caros, e prorroga por pelo menos dez anos, você está prorrogando a competitividade do País na questão portuária por estes dez anos, no mínimo. O Brasil não pode esperar dez anos. Aliás, não pode esperar nem um ano”, desabafou Skaf.

Outro ponto de conflito que o governo quer alterar no texto da MP dos Portos é o que diz que os contratos novos poderiam ter vigência de 25 anos, prorrogáveis por mais 25 anos, dependendo do cumprimento de investimentos. “Ora, 25 mais 25 são 50 anos. Isso é um absurdo”, queixou-se Skaf, acrescentando que o Planalto também discorda do prazo.

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“A posição da Fiesp é para que seja feito esforço, no sentido de aprovar a MP, se possível, aparando as arestas, com estes e outros pontos que são importantes e estão ruins no texto”, disse Skaf, citando outras questões que considera ser necessário modificar.

Ele destacou a previsão de extensão de obrigatoriedade de contratação dos trabalhadores via Órgãos Gestores de Mão de Obra (Ogmo) para os setores de limpeza, conservação e capatazia. Segundo ele, como ficou estabelecido no texto é “um absurdo”. E emendou: “Se já é estranho ter uma agência, que nem sempre trabalha visando a melhor eficiência, operando na carga e descarga, imagina ampliar isso para limpeza, conservação e capatazia. Não dá”.

Guerra Fiscal

Paulo Skaf queixou-se ainda à ministra do texto aprovado inicialmente pelo Senado da resolução que prevê a unificação gradual das alíquotas do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) interestadual em oito anos, sob a alegação de que não acaba com a guerra fiscal, que era o objetivo inicial do governo. A proposta é para que a alíquota caia de 12% para 4%. No entanto, deverá ser mantida uma alíquota diferenciada em 7% para produtos industrializados nas Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, além do Espírito Santo, nas transações comerciais para Sul e Sudeste.

O texto prevê ainda que para as zonas francas as alíquotas do ICMS fiquem em 12%. “O objetivo da resolução número 1 era acabar com a guerra fiscal. Mas, na hora que você deixa as zonas francas com 12%, você continua dando ferramentas a estes Estados para continuar com a guerra fiscal. E mesmo em relação aos 7%, que reduz mas não elimina a guerra fiscal”, reclamou o presidente da Fiesp.

Ele mencionou que, “quando se propôs 4% para todos os Estados, era para acabar com a guerra fiscal. Mas, aí começaram, as costuras e, se você vai ter uma região com 4%, outra com 12%, como será a Zona Franca de Manaus, por exemplo, quem é que vai investir em outro Estado do Norte ou Nordeste? Vai tirar o poder de investimento dos outros Estados e não acaba com a guerra fiscal”. E completou: “Com 12% é guerra. Com 7% é uma guerra um pouco menor, mas é uma guerrinha fiscal, e continua a ter guerra. Portanto, o Brasil precisa acabar com as soluções paliativas. As soluções têm de ser definitivas”.