Fiesp avalia que crise foi menos intensa e mais curta

Depois de dois meses de uma expressiva recuperação na atividade da indústria paulista, o diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Francini, admitiu que os efeitos da crise financeira internacional no País foram menores do que a entidade esperava. Em julho, o Indicador de Nível de Atividade (INA) da Fiesp registrou alta de 2% em relação a junho, com ajuste sazonal.

Em junho, o crescimento foi de 2,7% na comparação com maio.”Tinha medo de que a crise viesse pior. Pagamos um preço mais baixo do que eu pensava, no sentido da profundidade e da duração”, disse Francini. A atividade industrial ainda permanece 10% abaixo dos nível pré-crise registrado em setembro de 2008, mas já chegou a ficar 18% menor, em dezembro. “A melhora se acentuou. A indústria caiu da janela do quinto andar e agora está subindo as escadas num ritmo mais lento, mas bom”, afirmou.

Apesar disso, Francini não concorda com a avaliação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo o qual a indústria agiu com “cautela exagerada” e deu um “cavalo-de-pau desnecessário” nos meses de novembro, dezembro e janeiro.”Não concordo com o presidente Lula. Não foi uma marolinha”, afirmou Francini. “Principalmente para as 200 mil pessoas que perderam o emprego durante a crise na indústria paulista”, completou o gerente do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos, André Rebelo.

A previsão da Fiesp é de que o ano encerre com queda de 6% a 7% na atividade industrial do Estado. Na comparação com julho de 2008, o INA teve queda de 9,4%. “Ainda é um número expressivo, mas devemos lembrar que esse resultado já foi 15% menor na comparação anual. O número negativo está se reduzindo”, ressaltou Francini, para quem os níveis de atividade anteriores à crise só serão atingidos em 2010.Um dos destaques positivos do mês é que a maioria dos setores da indústria (70,6%) apresentou crescimento na atividade nos meses de julho e junho, dado que indica que o aumento do INA mostra consistência e espraiamento.

As vendas reais da indústria aumentaram 3,1% em julho ante junho, o que indica que os estoques foram absorvidos.O Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) de julho, de 81,6%, sem ajuste, é o maior desde novembro de 2008, quando estava em 81,9%. Entre os 17 setores industriais, apenas um – Comunicação – apresentou um Nuci abaixo dos 70% – ficou em 65,5%. Seis setores estão com Nuci entre 70% e 80%, oito entre 80% e 90% e dois na faixa dos 90% – Papel e Celulose, com 90%, e Coque, Refino de Petróleo, Combustíveis Nucleares e Produção de Álcool, com 98,7%.Entre os setores que se destacaram no mês, o de Produtos Químicos, Petroquímicos e Farmacêuticos registrou alta de 4,7% no INA de julho ante junho sem ajuste.

As vendas reais aumentaram 7,9% no mês. O setor é um dos únicos que, na comparação com julho de 2008, apresenta alta no INA, de 3%, ao lado de Papel e Celulose, com crescimento de 3,4%. No mês, o INA de Papel e Celulose caiu 2,9%, sem ajuste. Máquinas e Equipamentos, um dos mais afetados pela queda da demanda na crise, teve aumento do INA pelo terceiro mês consecutivo – em julho, de 1,6%; em junho, de 6,5%, e em maio, de 0,6%.