FHC defende estratégia para os próximos 20 anos

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defendeu a criação de uma estratégia para os próximos 20 anos no país, levando em conta que o crescimento da economia vai cair, por causa da escassez de crédito provocada pela crise financeira internacional e da necessidade de realizações na área social. Dentro do quadro atual, no entanto, o ex-presidente considera que o Brasil “tem condições de olhar para a frente” e de superar as dificuldades.

Fernando Henrique destacou a importância de haver “grandeza da parte de quem está no comando do país”, para transmitir à população “crença nas possibilidades, infundindo o sentimento de confiança de que tudo pode melhorar”.

Em entrevista ao programa 3 a 1, da TV Brasil, o ex-presidente lembrou que o PT fazia “oposição negativa” a seu governo, e disse que não quer “que a oposição faça o mesmo”. Fernando Henrique negou que os partidos fora da base aliada estejam sabotando o governo. “Não se deve cair no sentimento de quanto pior melhor, porque uma coisa é o Parlamento, outra é o interesse nacional”.

Ele disse que torce para que tudo dê certo, porque ama o Brasil – pensar diferente é deixar de ver o sofrimento do povo. Para ele, engana-se quem sabota pensando “que vai colher frutos mais adiante, pois isso não é certo”.

Na entrevista, o ex-presidente apontou também como problema “da maior gravidade” a segurança pública no país, afetada pelo sentimento de impunidade, que, segundo ele, alicia mais criminosos, por causa da demora no julgamento de processos. Entre as questões que precisam da atenção do próximo presidente da República, citou ainda o o meio ambiente e a educação.

Outro tema abordado na entrevista foi a sucessão presidencial. Fernando Henrique disse que, no momento, os governistas não têm “um nome com consistência política e eleitoral para se candidatar em 2010”. Ele ressaltou, no entanto, que não é “ingênuo ou irrealista a ponto de não considerar que o governo possa ter resultados”, pois entende que quem está no poder ganha vantagens com isso numa eleição.

Segundo Fernando Henrique, seu partido, o PSDB, tem nomes fortes para a sucessão presidencial. Ele citou os governadores de São Paulo, José Serra, e de Minas Gerais, Aécio Neves. Embora elogiasse os dois, destacou que Serra estaria “mais bem preparado”. Para o ex-presidente, a escolha do candidato do PSDB terá que ser por consenso. Ele disse ainda que não critica as alianças feitas pelo governo Lula, embora defenda que os acordos sejam fechados antes da eleição. E completou lembrando que governou com o PMDB, assim como acontece com o presidente Lula.