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FGV: incerteza pode frustrar demanda e levar indústria a acumular estoque

A Sondagem da Indústria de maio mostrou que a produção do setor deve crescer no curto prazo em resposta à percepção de aumento da demanda. Mas as incertezas políticas podem frustrar essa expectativa quanto à demanda, com risco do setor voltar a acumular estoques e atrasar mais a retomada do nível de atividade, que já era bem lenta.

Essa é a avaliação de Tabi Thuler Santos, coordenadora da Sondagem da Indústria do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). Neste mês, a confiança do setor subiu 1,1 ponto, atingindo 92,3 pontos, em virtude da melhora das expectativas e da situação atual. O Nível de Utilização da Capacidade Instalada (NUCI) permaneceu estável em 74,7% entre abril e maio.

“Provavelmente, vai ter aceleração da produção no curto prazo, pois o setor se programou para demanda melhor nos meses seguintes. Mas, se essa demanda não se concretizar, o setor pode dar um passo para trás, uma vez que estava terminando o ajuste de estoque, voltando a acumular, e atrasando a recuperação.”

Neste cenário, a produção industrial deve intensificar a oscilação de meses bons e ruins. Tabi acrescenta que a situação para o setor será tanto pior quanto mais durarem as incertezas, mas diz que também será determinante a forma que os empresários vão avaliar a forma com que a crise for solucionada.

“O que será determinante é como o setor e o mercado vão avaliar a definição política quando ela vier. Mas, mesmo que o contexto de solução da crise for bom, se demorar demais, a incerteza pode ter impactos catastróficos para a indústria, com a queda na confiança atrasando demais os investimentos e, assim, com risco do setor voltar a se afundar numa crise”, diz, reforçando que tudo é especulativo. “O cenário para a confiança também ficou imprevisível diante da crise política”, completa.

A coordenadora do indicador da FGV explica que não dá para avaliar se os acontecimentos políticos da última semana se refletiram na confiança em maio, mas afirma que, além da delação da JBS, a saída de Maria Sílvia Bastos Marques do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) pode ter reflexo na percepção do setor sobre os negócios.

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