FGV: consumidor espera juro e inflação menores

O consumidor espera juros mais baixos e inflação mais fraca nos próximos meses, de acordo com a Sondagem das Expectativas do Consumidor de julho, divulgada hoje pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Segundo a economista da FGV Viviane Seda Bittencourt, subiu de 4,5% para 5,8% a parcela dos entrevistados pela sondagem que apostam em juros mais baixos nos próximos meses. Já a projeção de inflação do consumidor para os próximos 12 meses caiu de 7,1% em junho para 6,8% em julho.

Viviane explicou que o consumidor sentiu um arrefecimento da inflação nos meses de junho e de julho e isso afetou projeções em um horizonte mais longo. As avaliações das famílias sobre esses dois fatores ajudaram a compor um cenário favorável para a confiança do consumidor em julho, que atingiu nível recorde. Criado em setembro de 2005, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) de julho atingiu patamar de 124,4 pontos, alta de 5,4% em julho, a mais forte desde janeiro de 2006 (5,5%).

Quando indagada se o resultado da sondagem em julho seria um “balde de água fria” para o governo, em sua estratégia de coibir o avanço do consumo para combater à inflação, Viviane foi cautelosa. “A confiança do consumidor aumentou, mas o ímpeto deste aumento ainda é moderado. Por exemplo, as intenções de consumo de bens duráveis em julho estão elevadas, mas não chegaram ao maior nível da série, que ocorreu em novembro do ano passado”, afirmou.

De acordo com a FGV, o mercado de trabalho aquecido e inflação em menor ritmo conduziram ao patamar recorde da confiança do consumidor. Para a economista da FGV, além de satisfeito com o momento atual, o consumidor acredita em manutenção do ambiente favorável para os próximos meses. Isso se refletiu positivamente em suas impressões sobre orçamento familiar.A avaliação do consumidor sobre suas finanças, segundo a FGV, atingiu em julho o melhor nível da série do ICC, pelo segundo mês consecutivo. A fatia de consumidores que classificam como “boa” a situação financeira familiar atual subiu de 30,4% para 31,8% de junho para julho. A parcela dos que a consideram ruim diminuiu de 10,0% para 9,2% no período.

“Com uma boa avaliação sobre suas finanças, as respostas do consumidor sobre a economia e suas intenções de consumo ficam mais positivas, de uma maneira geral”, comentou Viviane Bittencourt. Para a economista, a sustentabilidade do bom humor do consumidor, no entanto, é incerta. “Há uma expectativa da indústria de uma ligeira desaceleração no nível de atividade. Mas isso ainda não está sendo percebido pelo consumidor”, assinalou. A permanência do saldo positivo na confiança dependerá do nível de atividade no terceiro trimestre, bem como sua influência no mercado de trabalho.

Segundo a economista Viviane Bittencourt, a confiança do consumidor em julho foi puxada pelas famílias de menor poder aquisitivo. O aumento da confiança entre famílias de menor renda, diz ela, ficou acima da média apurada pelo ICC, que abrange quatro faixas de renda. Nas famílias com renda mensal até R$ 2.400, o ICC subiu 7,5% em julho; naquelas com renda entre R$ 2.401 a R$ 4.800, o indicador subiu 9%. O ritmo de crescimento é bem mais fraco nas famílias com maior poder aquisitivo, que tiveram aumentos abaixo da média. Entre famílias com renda de R$ 4.801 a R$ 9.600, o indicador subiu 1% ante junho. Já entre famílias com renda mensal acima de R$ 9.601, houve alta de 2,8%.

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