O ano termina com pressões expressivas sobre a inflação, segundo o coordenador de Análises Econômicas do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros. O Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) acelerou de 0,25% em novembro para 0,66% em dezembro, influenciado sobretudo pelos produtos agropecuários no atacado, como o feijão, as aves, o trigo e o tomate. Houve ainda valorização dos preços do minério de ferro, após período de baixa em meses anteriores.

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“À medida que os resultados fortes das safras aconteçam, a tendência é que as taxas mensais sejam menores do que as atuais, com mais oferta de produtos e, portanto, desaceleração dos preços agropecuários. Mas isso só deve ocorrer a partir da passagem do primeiro para o segundo trimestre do ano”, ressaltou Quadros. Ele afirma que especialmente as safras da soja no Brasil e nos Estados Unidos devem contribuir para segurar a inflação em 2013, mesmo diante de uma aceleração no início do ano.

Para o economista, a tendência é de que a taxa mensal do IGP-DI perca o ritmo nos próximos meses e termine 2013 com números menores do que os de 2012. Ainda assim, ele acredita que o Banco Central não mexerá na Selic (a taxa básica de juros da economia). “Acho que o BC vai esperar mais um pouco para ter a certeza de que a economia se recuperou antes de elevar a taxa de juros”, afirmou o economista, complementando que a retomada do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos bens duráveis contribuirá para que, mais uma vez, a inflação, embora com tendência de desaceleração, não atinja o centro da meta (4,5%) neste ano.

Quadros destacou também a preocupação com o aumento de preços do trigo, que acumulou alta de 50,70% em 2012 e, em dezembro, avançou 7,95%, ante 1,98% em novembro. “Somando novembro e dezembro, a alta é de cerca de 10%, o que demonstra que há pressão sobre os preços do trigo”, disse.

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Entre as pressões aguardadas para este início de ano estão as dos alimentos, principalmente dos produtos in natura, que avançaram 5,41% no mês passado. O tomate, por exemplo, ficou 14,50% mais caro. Em razão do período de entressafra, o preço do feijão subiu 10,18%, enquanto as aves ficaram 8,10% mais caras. Já os preços da carne bovina, que variou -2,60%, e da soja, que teve queda de 1,69%, foram destaques de influência negativa na inflação do atacado em dezembro.

No varejo, as principais influências partiram dos grupos alimentação, com alta de 1,26%, e despesas diversas, com aumento de 1,60% – neste último caso, com influência direta do cigarro (3,85%). Entre os alimentos, foram destaque as hortaliças e os legumes, com aceleração de -9,43% para 2,91%. “É ainda uma taxa pequena. Pode ser que os alimentos in natura registrem alta nos próximos indicadores”, opinou Quadros.

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Para 2013, entre as principais contribuições para alta da inflação no varejo, Quadros ressaltou os bens duráveis, que devem ficar mais caros após o fim da desoneração concedida pelo governo, e os combustíveis, cujos preços devem ser reajustados ainda neste início de ano.