Ferrugem asiática trouxe perdas à soja

A soja plantada no inverno (safrinha), além de apresentar produtividade questionável, pode se transformar em um grande risco para o agricultor. É que a leguminosa contribui para expansão do fungo causador da ferrugem asiática (Phakopsora pachyrhizi). Portanto, o plantio deste grão deve ser evitado no inverno caso os sojicultores queiram assegurar uma boa produtividade na próxima safra de verão desta cultura.

A advertência parte do patologista José Tadashi Yorinori, do Centro Nacional de Pesquisa de Soja da Embrapa, em Londrina. Na atual safra, por causa da ferrugem asiática, das 10 milhões de toneladas previstas para a produção paranaense, considerando-se área plantada de 3, 9 milhões de hectares, pelo menos dois por cento estão comprometidas por causa da doença, que provoca forte desfolhamento e provoca quebra na produtividade. Este percentual significa produção de 220 mil toneladas. Isto equivale a 3,3 milhões de sacas de 60 quilos. Vendidas a R$ 50,00 a saca, o prejuízo é de R$ 165 milhões. A estimativa é do Deral – Departamento de Economia Rural – do núcleo regional da Seab em Maringá.

O pesquisador alerta que a doença está difundida em quase todas as regiões do Estado, embora em diferentes graus. Como o fungo se hospeda em leguminosas, propagando-se através do ar, a soja safrinha funciona como uma verdadeira hospedeira. Isto não acontece no plantio direto porque o fungo não sobrevive na palha.

O ideal, segundo recomendação de Yorinori, está em observar o comportamento da planta. Assim que surgirem os sintomas, o sojicultor deve entrar em contato com a assistência técnica para a partir de diagnóstico mais apurado decidir pela aplicação ou não de fungicida. A decisão está relacionada ao nível de contaminação. Períodos chuvosos e úmidos proporcionam a propagação da ferrugem asiática pela sua condição de doença fúngica.

A doença se manifesta na fase de enchimento de grãos e, com ataque severo, pode causar a desfolha das plantas e, consequentemente, perdas na produção. É necessário muito cuidado para realizar a correta identificação da doença e não confundi-la com outras, como o crestamento bacteriano, míldio ou septoriose. O fungo tem curto ciclo de vida – ao redor de 10 dias – e só se reproduz em “planta viva”. Necessita de pelo menos seis horas de molhamento para realizar a infecção e a sua proliferação ocorre com temperaturas abaixo de 28ºC. O potencial de prejuízo da doença é grande.

Emater orienta como evitar

Vinculada à Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, a Emater orienta os produtores aos seguintes procedimentos:

1. rotação de culturas, com espécies não hospedeiras, como o milho;

2. não recomendar o plantio de soja safrinha (no inverno);

3. diminuir ao máximo as “perdas na colheita”;

4. controlar a soja espontânea (guaxa) que germinar após a colheita;

5. preferir cultivares precoces, concentrando o plantio no início da época de semeadura recomendada para cada região do Estado;

6. realizar o monitoramento semanal das lavouras, intensificando a partir do período de formação de folhas;

7. se aparecer o fungo, só aplicar se as condições climáticas forem favoráveis ao seu desenvolvimento ou se a infestação for “alta”;

8. se necessário o controle, realizar a aplicação de um dos fungicidas sugeridos pelas unidades regionais ou locais da Emater;

9. Antes da decisão de aplicação de agroquímicos, consultar um técnico. Isto evitará aplicações onerosas e desnecessárias.

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