Fatores locais e externos impedem flexibilização das condições monetárias, diz BC

O diretor de Política Monetária do Banco Central, Aldo Mendes, destacou em discurso que fatores internacionais e domésticos “não deixam espaço para uma flexibilização das condições monetárias.” Em seminário realizado em São Paulo na tarde desta quinta-feira, 18, ele destacou que “sopesados o ambiente externo com nítido viés de menor crescimento e a abertura do hiato do produto doméstico, as recentes leituras dos índices de preços no Brasil, ainda elevados; o estado das expectativas, que se encontram fora da zona de convergência; e os mecanismos de inércia inflacionária, que operam em nossa economia, não deixam espaço para uma flexibilização das condições monetárias.”

Mendes ressaltou ainda que o Banco Central perseguirá circunscrever o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) a limites estabelecidos pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) em 2016 e “fazer convergir a inflação para a meta de 4,5% em 2017”. O evento, fechado à imprensa, é promovido pelo banco Goldman Sachs e o discurso do diretor foi divulgado pelo Banco Central.

O diretor do BC avalia que ainda que o hiato do produto e desdobramentos externos contribuam para o processo de desinflação esperado pela instituição para 2016, o “Banco Central não pode descuidar de idiossincrasias e particularidades de nossa realidade econômica, como os mecanismos de indexação e o estado das expectativas inflacionárias, as quais ainda não convergiram”. “Por isso, manter a vigilância, não obstante a esperada redução nos índices inflacionários acumulados que deverão ocorrer nos próximos meses, é fundamental para fortalecer o cenário de convergência da inflação para a meta.”

Inflação

Mendes afirmou que nos próximos meses, dois importantes fatores levarão ao declínio da inflação. “Primeiro, os ajustes dos preços administrados em 2016 tendem a ser substancialmente menores do que os vivenciados em 2015”, apontou. O segundo é que o hiato do produto deverá reduzir a pressão inflacionária em 2016, limitando a propagação da inflação para horizontes mais longos.

Para o diretor, numa conjuntura de forte mudança de preços relativos, o Banco Central está atuando para restringir a propagação desses aumentos para os demais preços da economia, a fim de evitar a transmissão dos níveis mais elevados da inflação corrente para períodos mais distantes. Na avaliação de Aldo Mendes, isso é especialmente importante “devido à presença de mecanismos inerciais no processo de formação de preços, que faz com que choques de custos tenham uma repercussão maior nos níveis inflacionários.”

O diretor acrescentou que efeitos de mudanças de preços relativos na inflação ocorrem de forma relativamente rápida, enquanto os efeitos da política monetária sobre a formação de preços demoram mais tempo para se materializar. “Esse aspecto é particularmente importante no momento que atravessamos, quando atingimos o pico da inflação acumulada em doze meses”, apontou.

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