Famílias brasileiras estão mais endividadas, diz FGV

Rio – A edição de abril da Sondagem de Expectativas do Consumidor, feita pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), trouxe vários resultados negativos. Houve aumento na proporção de famílias endividadas e queda nas que conseguem poupar. Mostrou também os piores resultado da série, iniciada em outubro de 2002, tanto para intenção de compras de alto valor quanto para as expectativas em relação ao mercado de trabalho. Com isso, também pioraram a avaliação e as expectativas quanto à situação econômica do País e das famílias.

“Existe a possibilidade de ser uma percepção circunstancial. Outros indicadores mostram que a economia está em caminho de recuperação, mas que é lenta e desigual”, disse o economista da FGV, Salomão Quadros. Mais da metade dos cerca de 2.400 entrevistados em 11 capitais de Estado e em Brasília (54,92%) responderam que pretendem gastar menos com bens que consideram de alto valor nos próximos seis meses. O número supera o recorde até então para essa resposta, de 54,24% em julho de 2003, durante a retração econômica do ano passado. Também são maioria os que vêem piora no mercado de trabalho. A proporção dos que responderam que será mais difícil arrumar trabalho nos próximos meses foi de 60,29% em abril, ante 45,74% em janeiro.

Caiu de 79,31% em janeiro para 59,09% em abril a parcela dos que responderam estar em situação melhor ou igual que há seis meses. Esse número está abaixo também do registrado no mesmo mês de 2003: 66,81%. Já os que acham que a situação piorou subiu de 20,69% em janeiro e 33,19% em abril do ano passado para 40,91%. “A avaliação piorou muito, mas não é um aumento do pessimismo, é uma redução do otimismo, já que a maior parte ainda tem uma avaliação positiva”, ponderou o economista da FGV Aloísio Campelo Júnior.

A avaliação é pior entre os entrevistados com renda mensal acima de R$ 5 mil. Nessa faixa, apenas 4,9% acham que a situação melhorou e 40,91% acreditam que piorou. “A renda tem correlação com a escolaridade. Provavelmente, esses são os mais informados”, observou Campelo. A queda da proporção dos que responderam esperar que a situação vá melhorar nos próximos seis meses foi de 60,09% em janeiro para 34,53% em abril, enquanto os que acham que vai piorar passaram de 9,77% para 23,03%. Em abril de 2003, a proporção dos que esperavam melhora era de 44,69% e dos que esperavam piora 20,12%.

Já em relação à família, a soma dos que disseram estar em situação melhor ou igual à de seis meses é de 74,44% em abril ante 84,09% em janeiro e 75,01% em abril de 2003.

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