Ex-funcionários de usina viram empresários

Quando tudo parecia perdido, pequenos negócios se transformaram em uma grande oportunidade de geração de renda e emprego para 60 motoristas e mecânicos que trabalhavam na Usina de Açúcar e Álcool de São Pedro do Ivaí, no norte do Paraná. Essa história começou há dois anos, quando a direção da usina resolveu terceirizar o transporte de cana-de-açúcar para reduzir custos e aumentar a eficiência fazendo com que os funcionários se sentissem ameaçados com a perda do emprego.

Foi aí que a situação se inverteu. Desempregados, eles tornaram-se donos de pequenas empresas e passaram a ter como cliente o ex-patrão. Essa história de sucesso foi contada nesta segunda-feira, 9, no programa Parceiros do Brasil, da Rede Globo. O programa foi apresentado pela coordenadora nacional da Pastoral da Criança, Zilda Arns.

A palavra terceirização assustou os funcionários da usina. Afinal, a idéia dos patrões era desativar a oficina mecânica, vender caminhões e tratores, passando o serviço para uma empresa de Alagoas. Mas como ficaria a economia de São Pedro do Ivaí, de 10 mil habitantes, localizada a 414 quilômetros de Curitiba, com tanta gente desempregada? Isso apesar do município produzir trigo e soja, a cana-de-açúcar é a principal atividade local.

Foi a mobilização de toda a comunidade que evitou o desemprego e acabou gerando novas ocupações. Os integrantes do Fórum de Desenvolvimento Local Integrado e Sustentável (DLIS) procuraram o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas). Junto com a usina, foram realizados os projetos para criação de cada empresa dos ex-funcionários.

O Banco do Brasil também entrou no circuito e liberou uma linha especial de crédito, no valor de R$ 2,5 milhões, do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) e os ex-funcionários, foram convidados a participar da iniciativa. Criaram uma associação para formalizar as empresas e ter acesso ao financiamento, além de ganhar poder de barganha na hora das compras.

O motorista Vanderlei Paulo Almeida, presidente da Associação dos Prestadores de Serviços do Vale do Ivaí, foi durante nove anos empregado da usina. Quando resolveu transportar cana por conta própria, ficou muitas noites sem dormir com medo de não conseguir pagar os R$ 50 mil que financiou para comprar o caminhão. Ele já pagou dois anos da dívida sem atrasar nenhuma prestação.

Apesar da preocupação dos novos empresários, Ivo Antônio Gonçalves, o gerente da agência do Banco do Brasil em São Pedro do Ivaí, e que também integra o DLIS (Programa de Desenvolvimento Local Integrado e Sustentável), confirmou que não há inadimplência. O banco e a usina retêm por mês o pagamento de uma prestação e meia. Isso para garantir que não haja atraso no período da entressafra da cana, que vai, geralmente, de novembro a maio. Neste período a usina fecha, deixando os empresários, que tem como principal cliente a usina, sem trabalho.

A grande importância desse projeto, na opinião de Ivo, foi a geração de 150 novos empregos diretos. “Isso porque cada novo patrão empregou de quatro a seis pessoas. Sem falar que foram criadas outras necessidades, como fornecimento de diesel, pneus e peças para os caminhões”, disse o gerente.

 

Voltar ao topo