Evidências não exigem aumento da gasolina

A ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, disse que ainda não há evidências de que seja necessário aumentar o preço dos combustíveis no País por conta do preço do petróleo no mercado internacional. Anteontem, o presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra, afirmou que se a cotação do petróleo se firmar no “patamar”entre os US$ 40 e US$ 45 os preços serão reajustados.

A ministra afirmou, no entanto, que não é possível afirmar que houve uma mudança de “patamar” e que não irá ceder a movimentos especulativos. “Não há dentro do governo ou dentro da Petrobras nenhuma evidência de que há necessidade de fazer esse realinhamento ainda”, afirmou. “Mas caso haja essa mudança de patamar, nós iremos tomar essa medida”, afirmou.

Além disso, ela afirmou que é preciso considerar o preço do petróleo negociado em Londres, o brent, e não a cotação do barril em Nova York.

O preço do barril atingiu mais uma alta recorde ontem, a US$ 44,34 em Nova York. O barril do petróleo brent para setembro também chegou a uma nova alta histórica, US$ 40,96, maior desde 10 de outubro de 1990. O último aumento da gasolina e do óleo diesel pela Petrobras ocorreu no dia 14 de junho. Na época, a Petrobras calculava que o petróleo estava em um patamar entre US$ 35 e US$ 37.

Em relação à influência eleitoral sobre os preços no Brasil, a ministra afirmou que só se houvesse uma influência “política das eleições norte-americanas” sobre o preço do petróleo no exterior.

Apagão

Dilma afirmou – na reunião do Conselho de Desenvolvimento Social – que haverá risco de falta de energia caso não sejam resolvidos os problemas de licenciamento ambiental para as usinas hidrelétricas cuja produção vai garantir o crescimento do consumo no País. A questão envolve 24 usinas outorgadas até 2002 que estão sem licenças ambientais e 17 hidrelétricas que serão licitadas até o primeiro trimestre de 2005.

“Terá de haver uma adequação entre os ritmos de licenciamentos ambientais e as necessidades do setor elétrico”, afirmou a ministra. “Não existe como não faltar energia se você não investir.”

Ela apresentou um documento com as necessidades de investimentos no setor, no qual havia um alerta sobre o “risco de falta de energia”.

Dilma afirmou que não era objetivo do Ministério criar “ameaças” e evitou utilizar a palavra “racionamento” em seu discurso.

Em relação aos órgão responsáveis pelo problema, a ministra dividiu as responsabilidades. “Esse problema não está ligado só ao Ibama e ao Ministério do Meio Ambiente. A grande maioria é de usinas de órgão ambientais estaduais, e ainda há problemas na área do Ministério Público Estadual.”

Pelos cálculos do Ministério de Minas e Energia, haverá um aumento de 5% no consumo de energia caso o país tenha um crescimento médio de 4,5% ao ano entre 2004 e 2010. Para uma projeção de crescimento de 2,5%, o consumo cresceria 3%. Se a economia tiver uma expansão de 5,5% ao ano, a demanda anual por energia aumentará 6%.

Álcool a 25% na gasolina será mantido

Apesar da alta dos preços do álcool no mercado interno, técnicos do Ministério da Agricultura descartam, por enquanto, a possibilidade de sugerir a redução da mistura do produto com a gasolina, atualmente de 25%. Com porcentual menor de adição, sobraria mais álcool para oferta direta nos postos de combustível, o que poderia levar a uma queda de preços. “É inviável alterar o porcentual de mistura no meio da safra. O governo quer assegurar o abastecimento de álcool nos próximos anos. Não podemos desestimular a produção”, afirmou técnico do ministério. A mistura de álcool anidro à gasolina poderia ser reduzida para até 20% por decisão do Conselho Interministerial do Açúcar e Álcool (Cima), que é integrado pelos ministérios da Agricultura, Fazenda, Minas e Energia e Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

Nas últimas semanas, distribuidoras de combustíveis começaram a reajustar os preços do álcool por causa do aumento das cotações nas usinas. Levantamento da Agência Nacional do Petróleo (ANP) indica que o preço cobrado nas bombas subiu 3,9% em julho, em todo o País.

O reajuste não está fora do normal”, sustentou a fonte da Agricultura. O técnico afirmou que as usinas estavam oferecendo álcool hidratado a preços muito baixos há alguns meses e que agora as cotações seguem tendência natural de recuperação. Em março e abril deste ano, o litro do hidratado era negociado, na média, a R$ 0,40, resultado dos altos estoques de passagem para a safra 2004/05, que superaram 1,5 bilhão de litros. O recuo dos estoques para níveis normais e as exportações estão dando sustentação aos preços, disse a fonte. Nos seis primeiros meses deste ano, o valor das exportações de açúcar e álcool cresceu 53,5% em comparação com igual período de 2003. Em volume, as vendas externas de álcool somaram 1,2 bilhão de litros.

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