Euro surpreende e também se valoriza

O euro atingiu ontem a cotação de US$ 1,16 no mercado de divisas, pela primeira vez desde 1999, ano em que foi criado. Para analistas de mercado do Paraná, a alta do euro tem impacto positivo para exportadores brasileiros que firmaram contratos na moeda européia. Por outro lado, a desvalorização do dólar vem reforçar a crise econômica pelo qual os Estados Unidos, e o mundo em geral, vêm passando.

“A valorização do euro frente ao dólar é positiva para o comércio exterior, principalmente porque a maior parte dos negócios é fechada em dólar. Trabalhar com moeda única pode parecer interessante num primeiro momento, mas não é”, aponta Ricardo Moraes Filho, diretor da Spirit Corretora de Valores. “Fortalecendo o euro faz com que os exportadores tenham mais contratos na moeda européia, diversificando assim o portfólio de moedas. Ele vai ganhar peso e vai fazer com que haja colocação de outros títulos públicos no mercado”, completa.

Para o analista, no entanto, a valorização do euro sobre o dólar não deve durar muito tempo. “A medida de redução de impostos dos Estados Unidos deve fazer com que a moeda (dólar) volte a se fortalecer”, acredita. Com relação ao euro como opção de investimento, Moraes Filho é taxativo. “Eu não recomendaria a compra no momento, porque ele chegou a um nível bastante elevado. Além disso, a tendência é que o dólar volte a se valorizar frente ao euro”, aposta.

Ressalvas

Para o analista de investimentos Marcelo Martenetz, da SM Consultoria Econômica, a valorização da moeda pode ser positiva para o Brasil, mas negativa para a própria Europa. “Com o euro valendo mais que o dólar, fica mais barato para o europeu vir para o Brasil para turismo. Também fica mais fácil exportar produtos brasileiros para países europeu”, aponta. O analista, no entanto, observa que existe o contrapeso. “Ficou mais caro comprar produtos europeus, como máquinas e equipamentos de usinagem, tecelagem, produtos químicos”, diz. Em praticamente dois anos e meio, lembra Martenetz, o euro subiu quase 42% em relação ao dólar: passou de US$ 0,81 em outubro de 2000 – a mais baixa cotação de sua história – para os atuais US$ 1,16.

O prejuízo maior, entretanto, deve ficar com a própria Europa. “Quanto mais o euro subir, pior será para a Europa. Com ele acima de US$ 1,10, fica caro para a exportação. Os componentes da União Européia devem pedir que ele baixe”, acredita. O euro fechou 2002 cotado a US$ 1,05. Só este ano, subiu 9,8% em relação ao dólar, enquanto o real, cerca de 19%.

Para o gestor de recurso em renda variável da Corretora Omar Camargo, Rogério Garrido, a variação do euro é praticamente nula para as exportações brasileiras. “O que pode afetar nosso comércio com bloco, no futuro, seria o aumento do protecionismo europeu em relação aos produtos brasileiros, através do aumento de alíquotas de importação”, aponta.

Com relação à opção de investimento, Garrido afirma que trocar euros por dólares pode ser um bom negócio. “Mas para quem tem reais, talvez seja prematuro comprar quaisquer uma das moedas, pois existe um fluxo intenso de compra de reais por parte de investidores estrangeiros”, alerta. Além disso, salienta, “moedas estrangeiras não rendem juros, que no Brasil representam 26% ao ano.”

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