Eurasia: governo pode mudar com risco de nova queda

O rebaixamento do rating brasileiro não deve ter maiores impactos na política econômica da presidente Dilma Rousseff no curto prazo, avalia a Eurasia, consultoria com sede em Washington. Mas o risco de o Brasil perder a categoria grau de investimento deve estimular a adoção de políticas mais construtivas em um eventual segundo mandato de Dilma, que incluiria a mudança da atual equipe econômica.

“É pouco provável que o governo responda ao rebaixamento com uma mudança significativa de política no curto prazo”, escrevem os analistas da Eurasia, Christopher Garman e João Augusto de Castro Neves. Para eles, o temor maior do governo é a perda do grau de investimento, conquistado em 2008 no governo de Luiz Inácio Lula da Silva. O rebaixamento para o “grau especulativo” encareceria os custos de captação para o governo brasileiro, afetaria a confiança dos agentes e tornaria mais difícil a gestão macroeconômica, sobretudo quando se leva em conta que 2015 parece ser um ano crescentemente cheio de desafios para o Brasil.

“Desde que as outras duas agências maiores de classificação de risco (Fitch e Moody’s) não deram sinais reais de que vão seguir a decisão da S&P no curto prazo, a equipe de Dilma provavelmente vai concluir que o custo de manter o atual conjunto de políticas não é particularmente alto”, destaca a análise da Eurasia. Mas, se pouco deve mudar até as eleições, os dois analistas esperam que a decisão da S&P estimule o governo a alterar a condução da economia, inclusive trocando parte da equipe econômica.

O relatório da Eurasia especula alguns nomes que poderiam substituir o ministro da Fazenda, Guido Mantega e seriam mais ou menos amigáveis ao mercado financeiro. Entre eles, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, e o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, seriam escolhas que agradariam mais ao mercado.

Já se o escolhido for o ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, os desdobramentos não seriam tão claros. “É mais provável que essa decisão ocorra só após as eleições. Esperamos que Dilma troque a equipe econômica com um olho voltado para o aumento da credibilidade”, avaliam os dois analistas.

Em um eventual segundo mandato de Dilma, a margem de manobra na política econômica parece menor. A Eurasia cita como exemplo a política fiscal. Para Garman e Castro Neves, alcançar a meta de 1,9% para o superávit primário este ano só será possível via elevação de receitas e não cortando gastos públicos. Para complicar, a falta de chuvas e um eventual racionamento de energia pode ter impacto tanto na inflação como nas contas públicas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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