EUA querem barrar soja brasileira

Washington – O presidente da influente Comissão de Finanças do Senado dos Estados Unidos, Charles Grassley, republicano do Estado agrícola de Iowa e ele mesmo um fazendeiro, pediu à administração Bush que mobilize várias agências do governo para fornecer informações que “ajudem os produtores (americanos) a compreender a competição potencial que os produtores de soja do Brasil representam”. A Comissão que Grassley preside é chave nos acordos comerciais.

Em carta ao Serviço Agrícola Exterior, uma repartição do departamento de Agricultura (USDA), o senador afirmou que nos últimos cinco anos a produção de soja do Brasil aumentou 57%. “O Brasil tem potencial para abrir mais novas terras (ao plantio de soja) do que os EUA têm atualmente em produção”, alarmou-se ele, citando estimativa do Serviço de Pesquisa Econômica do USDA.

“Iowa é o maior produtor de soja dos EUA, o Brasil é o maior competidor no mercado internacional e os produtores de soja de Iowa prestam muita atenção à produção do Brasil, uma vez que ela afeta os nossos preços.” Grassley não fez menção aos efeitos que os subsídios à produção de soja garantidos pela atual Lei Agrícola americana, a Farm Bill, nos preços internacionais na commodity.

A encomenda do estudo pelo senador foi anunciada um par de horas depois de o presidente da Associação Americana da Soja, Bart Ruth, ter pedido ao governo americano que investigue as políticas oficiais brasileiras de fomento à produção agrícola em depoimento à subcomissão do Senado para o Hemisfério Ocidental, na terça-feira.

Ruth afirmou que a “a ameaça competitiva que o Brasil apresenta” para os EUA não diz respeito apenas aos fazendeiros americanos de soja, mas também aos produtores de várias outras commodities, como milho, algodão e carne de porco e de frango.

Ele disse que os ganhos na produção da soja e de outros produtos agrícolas no Brasil, especialmente na região do Cerrado, devem-se a uma série de políticas tributárias, de investimento, crédito, transporte, pesquisa e energia desenhadas para facilitar a abertura de terras, a expansão da produção e da receita de divisas através das exportações.

“Muito mais precisa ser feito pelo governo dos EUA para investigar as várias políticas e subsídios que estão ajudando a expansão da produção de grãos e de carnes no Brasil”, afirmou o presidente da associação. “O Congresso, a administração, os negociadores de comércio e a indústria americana da soja devem usar os resultados dessa investigação para formular políticas apropriadas, posições e objetivos de negociação.”

Ruth quer novas formas de ajuda estatal para os produtores agrícolas americanos, além dos contidos na Farm Bill.

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