EUA e Japão podem entrar em impasse com eventual desvalorização do iene

A valorização do iene leva os Estados Unidos e o Japão a um impasse que ameaça gerar problemas, em um contexto de economia global já vulnerável. As companhias japonesas temem a queda nas exportações e a redução nos lucros e pressionam por uma desvalorização da moeda do país, mas nos EUA sindicatos e empresas temem que, caso Tóquio dê esse passo, isso signifique perdas de empregos e fechamentos de fábricas em território norte-americano.

Economistas e autoridades dos EUA em Washington temem que uma intervenção no iene possa gerar uma reação em cadeia de depreciações cambiais pelo mundo, inclusive na segunda maior economia do mundo, a China. O secretário do Tesouro dos EUA, Jacob Lew, se reunirá com autoridades do Japão e de outros países do G-7 nesta semana em Sendai.

A divergência é sintomática de uma fraqueza mais ampla da economia mundial. Líderes políticos têm dificuldade em impulsionar as economias, que dependem de taxas de juros baixas, e há crescentes dificuldades no comércio.

O Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês) e autoridades do Ministério das Finanças ameaçam comprar moeda estrangeira e vender iene, para enfraquecer a moeda. A Ford, gigante norte-americana do setor automotivo, vê as políticas de Tóquio para o iene como um fator crucial para sua decisão de deixar o mercado japonês mais cedo neste ano, após quase um século tentando se firmar na nação asiática.

No Japão, onde os valores das ações geralmente acompanham os movimentos do iene, a Toyota Motor e outras montadoras advertem para a recente apreciação da moeda, que reduz seus lucros. Isso eleva a pressão sobre o governo por uma desvalorização do iene.

Já nos EUA, a desvalorização do iene pode dar um argumento para aqueles contrários à Parceria Trans-Pacífico. Os exportadores e sindicatos atribuem demissões à manipulação cambial no Japão, na China e na Coreia do Sul. “Nós temos de combater a manipulação cambial”, disse a pré-candidata democrata Hillary Clinton, que agora se opõe ao acordo comercial, que antes defendia. O pré-candidato republicano Donald Trump ameaçou impor uma tarifa de 45% sobre a China por causa de suas políticas de desvalorizar o yuan. Fonte: Dow Jones Newswires.

Voltar ao topo