Seul – Os Estados Unidos e a Coréia do Sul concluíram ontem, depois de 10 meses de negociações, um acordo de livre comércio, informaram funcionários dos governos, ao se aproximar o prazo final estabelecido pelo Legislativo de Washington. O acordo, que precisa da aprovação dos Parlamentos dos dois países, é o maior já assinado pelos EUA desde o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (ou Nafta, na sigla em inglês), que entrou em vigor em 1994. É também o maior acordo assinado pela Coréia do Sul.

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 Os dois países concordaram em eliminar ou reduzir tarifas e outras barreiras comerciais nos setores de serviços e de produtos industrializados, o que inclui o setor financeiro. O acordo também cobre segmentos como o comércio eletrônico. ?O acordo de livre comércio que anunciamos hoje (ontem) é um feito histórico?, disse Karan Bhatia, representante de comércio dos EUA. As negociações começaram em junho passado, em Washington. Ambos os países defenderam com força um acordo, alegando que ele iria acelerar o crescimento econômico nas duas nações, que a cada ano movimentam mais de US$ 75 bilhões em trocas comerciais.

Mas disputas em áreas como indústria automobilística e agricultura atrasaram o progresso, forçando uma rodada final de intensas negociações em Seul, desde a segunda-feira da semana passada. A Coréia do Sul, sob pressão de fazendeiros que estavam preocupados com o fim dos subsídios ao arroz, conseguiu deixar o produto fora do acordo. Ao mesmo tempo, os sul-coreanos concordaram em reduzir tarifas para outros produtos agrícolas, o que inclui laranjas americanas.

Os dois países também concordaram em reduzir tarifas para a importação de automóveis. A Coréia do Sul aceitou mudar a sua estrutura de tributação para veículos maiores, que Washington acusava de ser discriminatória. Os fabricantes sul-coreanos de automóveis venderam 730.863 veículos aos EUA em 2005, enquanto as montadoras americanas venderam somente 5.795 veículos à Coréia do Sul, informou o Departamento de Comércio dos EUA.

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Negociadores pressionados pelo prazo

Os negociadores estavam sob forte pressão porque o presidente dos EUA, George W. Bush, precisa notificar o Congresso americano sobre sua intenção de assinar um acordo de livre comércio em 90 dias, antes que sua autorização especial para assinar acordos comerciais (fast track) expire, no dia 1.º de julho. Isto significa que o acordo precisaria ser concluído até 1.º de abril.

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Bush afirmou que o acordo ?deverá gerar oportunidades de exportações para os agricultores americanos, indústria e serviços, promover o crescimento econômico, e a criação de empregos mais bem pagos, enquanto os consumidores americanos poderão economizar dinheiro porque terão opções de produtos mais baratos?.

Mas fazendeiros e sindicatos de trabalhadores sul-coreanos denunciaram o acordo, em passeatas nas ruas do país, principalmente na capital, Seul. Segundo eles, o aumento das importações dos EUA custará empregos e prejudicará o padrão de vida local.