Estudo do Ipea sugere que Banco Central pare de acumular reservas

Em momento de forte turbulência externa dos mercados financeiros estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) sugere que pode ter chegado a hora de o Banco Central parar de comprar reservas. Sugere, ainda, que os níveis de reserva no País chegaram a um nível excessivo. O estudo, divulgado na página de internet da instituição no final da semana passada, quando a volatilidade estava alta, é assinado pelos economistas Marco Antônio Cavalcanti e Christian Vonbun. O Ipea é vinculado ao Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência da República.

Cavalcanti explicou que o estudo mostra que, se o objetivo das reservas é defender o País contra crises, o nível alcançado em setembro de 2007, de US$ 162,96 bilhões (hoje já ultrapassou US$ 186 bilhões, mas o estudo refere-se ao período de 1999 a 2007), "não se justifica, é excessivo". Naquele momento, segundo ele, o nível considerado "ótimo" de reserva, de acordo com modelos econômicos estudados, estaria entre US$ 50 bilhões e US$ 90 bilhões, ou seja, haveria um "excesso" de pelo menos US$ 70 bilhões nas reservas acumuladas no Brasil no final do ano passado.

O economista do Ipea sublinha todo o tempo algumas limitações do estudo, que segundo ele é simples, mas acrescenta "que a diferença é tão grande (entre o nível ótimo de reservas e o efetivo) que dá a entender que há excesso de reservas".

Segundo ele, os benefícios das reservas são claros, como aumento da credibilidade da economia brasileira para os investidores externos, que se reflete no risco país, além da já citada proteção a crises. "As reservas reduzem os custos de ajuste a um novo cenário (na crise)", afirmou.

Ele afirma, porém, que há custos para as reservas, já que um alto volume de recursos estão imobilizados em um ativo que "rende muito pouco em relação a outras alternativas", como pagamento de débitos externos ou realização de investimentos no País. "Nestes casos, o retorno do capital seria mais elevado", afirma.

Texto cauteloso

Há cautela em todo o texto do estudo. Logo abaixo da assinatura dos economistas, no início do texto, há o esclarecimento de que "as opiniões emitidas nesta publicação são de exclusiva e inteira responsabilidade do(s) autor(es), não exprimindo, necessariamente, o ponto de vista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada ou do Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência da República", ao qual o órgão está vinculado.

Ainda com cautela, os economistas ressaltam que "em particular, o excesso de reservas observado recentemente no Brasil em relação ao nível ótimo estimado não implica, necessariamente, que a política adotada pelo BC tenha sido inadequada".

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