Não foi somente a idéia de dar mais flexibilidade na condução da política monetária que determinou a posição do Ministério da Fazenda na defesa da meta de inflação de 4,5% para 2009, aprovada ontem pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). A avaliação de que o Brasil, em comparação com outros países latino-americanos e alguns emergentes, teve um processo mais rápido de desinflação e consolidação de índices de preços em níveis mais próximos de países desenvolvidos também teve peso na posição do ministro Guido Mantega, segundo informaram fontes.

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Um levantamento sobre inflação desde os anos 80 feito pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) foi a base dessa avaliação. Segundo os números do FMI, países como o Chile, México, Índia e Colômbia levaram um tempo muito superior ao do Brasil para reduzir e consolidar a inflação em níveis civilizados.

Por isso, de acordo com a fonte, a Fazenda buscou trabalhar com mais cautela, visando a consolidar o nível atual de inflação, antes de forçar uma redução que colocasse maior pressão na política monetária conduzida pelo Banco Central. Essa atitude poderia prejudicar o crescimento econômico e também acarretar custos fiscais, pois juros elevados têm impacto também sobre as contas públicas.

O Chile, por exemplo, saiu de uma inflação de 26% em 1990 para ficar abaixo de 5% e se consolidar abaixo de 4% somente depois de 1998. O México partiu de 34,4% em 1996 e chegou a 5% somente em 2002, consolidando-se abaixo desse nível nos anos seguintes. A Índia, que tinha uma inflação de 13,9% em 1991, somente entrou na faixa dos 4% em 1999, oscilando nesse nível até 2005. Em 2006 a Índia teve inflação de 6,1%. A Colômbia partiu de 22,8% em 1994 para ficar abaixo de 5% somente em 2006. Os dados do Fundo utilizam o conceito de inflação média do ano.

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