Estímulos à atividade e câmbio são riscos à inflação

O coordenador do Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), Paulo Picchetti, não alterou sua expectativa de 5,2% para o indicador no fechamento de 2012, e afirmou que, para este cálculo, considera que a taxa média de inflação mensal ao longo do restante do ano deverá ficar entre 0,30% e 0,35%. “Se não houver nada de muito inesperado, as taxas mensais médias a partir de agora devem ser mais baixas do que o nível (médio mensal) de 0,54% apurado no ano até o momento”, afirmou nesta quarta-feira em entrevista coletiva na Fundação Getúlio Vargas (FGV), para comentar sobre o IPC-S de abril, de 0,52%. A expectativa do coordenador para o ano não contempla eventual reajuste nos preços de combustíveis pela Petrobras.

Em 12 meses, o IPC-S vem em trajetória de sucessivas quedas desde dezembro de 2011 (6,36%) e até abril acumula alta de 5,05%. “Nessa comparação, ainda deve cair um pouco, mas entre junho e julho tende a se estabilizar para reverter mais adiante”, previu Picchetti, considerando que a deflação do IPC-S vista em junho e julho de 2011 sairá das contas em meados do ano.

Picchetti afirmou ver riscos para a inflação a partir do segundo semestre, relacionados a dois fatores. Entre eles, os estímulos à atividade aplicados pelo governo, tais como as desonerações tributárias, as quedas na taxa Selic, a pressão por juros bancários menores.

O outro é o câmbio. “O câmbio está num novo patamar e o BC parece disposto a continuar intervindo. Com isso, o efeito sobre os preços não é inócuo”, disse o coordenador. Picchetti salientou que o impacto do dólar mais alto nos IGPs já é evidente. “Parte da alta dos IPAs já é câmbio. No varejo deve demorar um pouco mais para chegar”, disse. Dentro do IPC-S, o efeito do dólar mais pressionado será visível sobretudo nos preços dos itens comercializáveis e nos industrializados. “Já Serviços não sentirão”, observou.