Estado reassume o controle da Ferroeste

O diretor administrativo e jurídico da Ferroeste, Samuel Gomes, reassumiu ontem a operação dos 248 quilômetros da Ferrovia do Oeste do Paraná (Ferroeste). A medida, amparada em sentença do juiz Rosaldo Elias Pacaganan, da 3.ª Vara Cível de Cascavel, representa o fim da concessão promovida pelo governo Jaime Lerner em 1996.

?Este é um momento histórico para a população do nosso Estado?, destacou Samuel Gomes, ao cruzar os portões do terminal de embarque de Cascavel. A sentença, publicada na tarde de sexta-feira (15), é resultado de uma decisão política do governador Roberto Requião.

A ferrovia que liga Cascavel a Guarapuava foi construída durante o primeiro mandato do governador Roberto Requião, no período de 1991 a 1994, através de uma parceria do governo do Paraná com o Exército Brasileiro, ao custo de US$ 363 milhões, recursos exclusivos do Estado.

Projetada para escoar a produção agrícola da região Oeste até o Porto de Paranaguá, a Ferroeste foi leiloada em 1996 e passou a ser administrada por um grupo privado, vencedor da licitação. Atualmente, a ferrovia transporta, em média, 3,5 mil toneladas ao dia em 75 vagões.

Nos cerca de 10 anos da concessão, a empresa deixou de cumprir uma série de cláusulas contratuais, comprometendo a qualidade do serviço. O acordo previa, conforme Samuel Gomes, uma expansão física para 732 vagões e pelo menos 60 locomotivas. ?Hoje a Ferroeste tem 110 vagões e 15 locomotivas em operação, além de duas paradas por falta de manutenção?, relatou.

A falta de investimentos impediu o transporte de 20 milhões de toneladas de grãos (aproximadamente um milhão de viagens de caminhão). Os produtores da região arcaram com um prejuízo de aproximadamente R$ 370 milhões incluindo frete, manutenção dos veículos e o pedágio nas rodovias. ?Hoje a ferrovia é sócia oculta das concessionárias do pedágio rodoviário?, sentenciou.

Ontem à tarde, Samuel se reuniu com o juiz Rosaldo Pacagnan e com o presidente do Conselho de Usuários da Ferroeste, Alcides Cavalca. Eles vão definir ainda hoje quem será o administrador judicial que vai coordenar a massa falida da ferrovia. (AEN)

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