Estado produziu menos veículos no ano passado

O Paraná fechou o ano de 2002 com queda de 13,54% na produção de veículos. Foram fabricados 153.079 automotores – automóveis de passeio, camionetas de carga, caminhões e ônibus – no ano passado, enquanto em 2001 foram 177.050. Já as máquinas agrícolas fecharam o ano com índice positivo de 17,84%: passou de 10.353 unidades em 2001 para 12.200 em 2002. Os números foram divulgados ontem pelo Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba e Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos do Paraná (Dieese-PR).

Das quatro montadoras instaladas no Estado – Audi/Volkswagen, Renault, New Holland e Volvo -, a Renault foi a que apresentou pior desempenho, com queda de 34,30% na produção de veículos. Foram 71.108 unidades produzidas em 2001 contra 46.721 no ano passado – ou seja, 24,3 mil carros a menos. A montadora francesa é seguida pela Audi/Volkswagen, que fabricou 3,4 mil veículos a menos em 2002 em relação ao ano anterior: passou de 13.647 para 10.251 unidades.

“O maior problema hoje no Paraná é a Renault, que teve a queda mais acentuada na produção. É um produto caro no mercado, não competitivo e que tem o modelo ultrapassado”, aponta o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Sérgio Butka. Segundo ele, mesmo o novo modelo, lançado pela montadora na semana passada, não atende às expectativas do mercado. “No mercado paranaense, o veículo tem que ter tecnologia boa e competitividade.” Butka também cita o problema da assistência técnica e das peças caras de reposição.

Também houve queda de 5,16% na categoria comerciais pesados – caminhões e ônibus. A redução do número de ônibus foi acentuada: caiu de 1.249 para 729 em apenas um ano. Em contrapartida, houve acréscimo no número de caminhões: passou de 4.605 para 4.823, ou seja, incremento de 9,47%.

A surpresa ficou por conta dos veículos comerciais leves – camionetas de carga. Depois da saída da Chrysler, o setor começa a retomar a produção com a Nissan e a VW (Saveiro), com 3.744 unidades fabricadas em 2002 e 3.974, respectivamente.

Participação nacional

O Paraná fechou o ano respondendo por 8,54% da produção nacional. A projeção era atingir o índice de 12%. “O Paraná perdeu mercado, e a tendência é que perca ainda mais. Isso nos preocupa muito”, comenta Butka. A aposta, segundo ele, é que o novo projeto da VW – denominado Tupi – possa alavancar a produção do Estado. De acordo com Butka, o novo modelo será popular, com preço estimado em R$ 16 mil. A fabricação deve começar em setembro.

Outra aposta é em relação ao novo produto da Renault, para exportação, cuja produção estaria sendo disputada entre o Paraná, México e Turquia. “Se não vier para o Paraná o modelo novo da Renault, o perfil da indústria automotiva no Estado vai mudar a médio prazo”, acredita o economista Cid Cordeiro, coordenador técnico do Dieese. Isso porque também a VW sofreria reduções, com o Golf deixando de ser produzido no Paraná em dois ou três anos. “Existem contratos a serem cumpridos, por isso o perfil só deve mudar a médio prazo”, esclarece, acrescentando que o indústria automobilística está sendo redefinido no Estado.

A exportação também caiu no último ano. Enquanto a média nacional de veículos exportados – com exceção de máquinas agrícolas – foi de 5%, no Paraná houve queda de 7%, passando de 61.845 unidades para 57. 372. A crise argentina, segundo Cid Cordeiro, foi um dos principais motivos da redução.

Emprego também encolheu

Lyrian Saiki

Além da queda na produção de veículos, na participação nacional e na exportação, também o nível de emprego nas montadoras instaladas no Paraná caiu em 2002, segundo dados do Dieese-PR. O número de empregados, que era de 8.176 em dezembro de 2000, passou para 7.587 em 2001 e diminuiu para 7.261 em dezembro do ano passado. Na média, a Audi/Volkswagen reduziu seu quadro de 2.794 funcionários para 2.479 durante 2002; a Reunault, de 2.500 para 2.481; Volvo, de 1.440 para 1.331; Chrysler demitiu os 184 funcionários, enquanto a New Holland foi a única que ampliou o quadro, de 1.015 para 1.132.

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