A Bolsa de Valores foi o melhor investimento de 2009, e deverá seguir como o mais rentável também em 2010. É o que concluem e preveem dois especialistas ouvidos por O Estado.

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Para eles, ações de empresas ligadas à construção civil e à infraestrutura em geral, ao varejo e a algumas commodities devem ser as mais lucrativas durante o ano e, também a longo prazo, nos próximos anos.

Para o economista e professor Daniel Poit, filiado ao Conselho Regional de Economia do Paraná (Corecon-PR), quem ganhou mais dinheiro no mercado financeiro em 2009 apostou na recuperação do mercado de ações.

Em 2010, ele acredita que o investimento vai continuar o mais rentável. Entre os setores que devem ser boas apostas, ele indica os de alimentação, infraestrutura e construção civil.

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“O valor dos imóveis também cresceu muito em 2009, e terão bom espaço para valorizar em 2010”, diz Poit. O economista também sugere que os investidores mais qualificados procurem investir em commodities, como o ferro e o aço, e matérias-primas básicas para a indústria alimentícia, como a soja, o açúcar, o trigo e a carne.

Por outro lado, Poit aponta que as maiores perdas do último ano foram para quem apostou no mercado de câmbio. “Quem se alarmou com a crise e apostou que dólar e euro iam continuar subindo em relação ao real, perdeu bem”, comenta.

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O economista faz uma comparação para ilustrar ganhos e perdas dos investidores no ano passado. “Quem tivesse R$ 100 mil em janeiro de 2009, estaria em dezembro com R$ 106 mil se aplicou na poupança, R$ 75 mil se comprou dólares e R$ 130 mil a R$ 140 mil se adquiriu um imóvel. Já quem aplicou em ações e administrou bem a sua carteira terminou o ano com quase R$ 200 mil”, calcula.

O gestor de recursos e professor da FAE André Paes também crava a Bolsa como principal investimento de 2009 e melhor aposta em 2010. Para ele, a Bolsa como um todo deve continuar valorizando este ano, com vantagem, além das já apontadas por Poit, para ações de empresas ligadas ao consumo interno e ao setor de petróleo.

Paes lembra que, no ano passado, a renda fixa perdeu espaço para a poupança, devido às quedas nos juros durante o ano. No entanto, ele vê possibilidade de que as taxas sejam ligeiramente maiores este ano, o que pode tornar a renda fixa vantajosa novamente. Já investir no dólar, assim como em 2009, não deve ser uma boa pedida este ano, conforme o professor.

Proteção

Quem não quer ou tem condições de manter investimentos a longo prazo deve focar, segundo Poit, na proteção da moeda. Nesse caso, a melhor opção é a caderneta de poupança. Outra opção mais conservadora é o tesouro direto, que são títulos públicos com aplicação relativamente simples.

“Garante ao menos o valor de compra do capital”, afirma Poit. Já Paes qualifica a opção como a mais segura entre os destinados a pequenos investidores. Ele alerta, no entanto, para as diferentes taxas cobradas pelas corretoras.

Não existe “bolha” no setor imobiliário

De acordo com o economista Daniel Poit, o fato dos imóveis continuarem com tendência de boa valorização em 2010 não leva a crer que existe uma suposta bolha no segmento.

Para ele, o crescimento do mercado imobiliário no Brasil não é artificial, mas consistente, por ser baseado no lançamento de novas unidades e em uma demanda real por moradia existente no País. Ele acredita que, por mais que haja bastante especulação na área, o risco de uma desvalorização dos imóveis é pequeno.

“A bolha é uma metáfora para algo muito grande e sem conteúdo. Não é o caso do mercado imobiliário brasileiro,”, diz Poit, lembrando da questão dos subprimes, ocorrida nos Estados Unidos e que foi um dos principais estopins para a crise mundial.

Segundo ele, o mercado nacional é bem aparelhado e sólido e, nas condições atuais, levando-se em conta a forma como são feitos os financiamentos e a origem dos recursos, não há risco de formação de bolha. “No Brasil, não há financiamento de 100% dos imóveis chega-se a 70% a 80%, no máximo”, lembra.

Só para Curitiba, a Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário no Estado do Paraná (Ademi-PR) prevê o lançamento de aproximadamente 16 mil novas unidades, sendo aproximadamente 10 mil de médio e alto padrão, e 6 mil para atender o programa Minha Casa, Minha Vida, do governo federal. A expectativa de valorização é de 20% a 22%.