Especialista vê Lula como líder mundial

O Brasil tem condições de liderar um processo mundial de mudança dos indicadores socio-econômicos, agregando no seu Produto Interno Bruto (PIB) os recursos humanos, sociais e ecológicos. A avaliação é da ambientalista e economista norte-americana Hazel Henderson, conhecida mundialmente pela defesa do desenvolvimento sustentável e crítica da globalização especulativa. “Acho que o presidente Lula está interessado em exercer este tipo de liderança no mundo”, afirmou ontem, em Curitiba, onde se reuniu com autoridades e empresários na Associação Comercial do Paraná (ACP). Na sexta-feira passada, ela abriu o Fórum Social Mundial em Porto Alegre.

Hazel lembra que em 1992, 170 países assinaram a Agenda 21, no Rio de Janeiro, porém poucos países colocaram em prática o conceito de sustentabilidade. Defensora da adoção de indicadores econômicos mais abrangentes do que o PIB para medir a riqueza das nações, Hazel encara com otimismo o governo Lula. “Embora os fundos monetários internacionais e os bancos vejam o País em luz desfavorável, uma análise mais ampla mostra um quadro diferente”, comenta. “O Brasil é o país com maior quantidade de energia por pessoa do mundo. Enquanto a Arábia Saudita tem só o petróleo, o Brasil tem petróleo, energia hidrelétrica, solar, biomassa e eólica.”

“Minha expectativa é bastante grande, porque o Brasil é um país muitíssimo rico. Tem boa parte da terra propícia à agricultura não explorada, grandes florestas, praias maravilhosas que representam uma oportunidade fantástica para turismo, e 170 milhões de pessoas com reputação para solidariedade”, declarou. “Vejo que o Brasil será uma economia mundial importante no século XXI.” Em outubro, o País sediará a Conferência Internacional de Novos Indicadores para a Economia, que reunirá peritos em estatística de todo o mundo.

O índice Calvert-Henderson, elaborado pela equipe de Hazel a partir de uma visão sistêmica da economia, muda a forma de se fazer a contabilidade de um país. Os orçamentos de saúde e educação, por exemplo, passam a ser classificados como investimentos e não mais como gastos, gerando superávit. “Quando o PIB atual for corrigido, até os banqueiros de Wall Street e o FMI terão que aceitar que o Brasil é, na verdade, muito rico”, observa. “Se o Lula implementar essa correção, a dívida pública do Brasil ficará muito mais baixa do que o FMI diz.” EUA e Canadá já conseguiram resultados positivos com a nova metodologia de cálculo.

Antes da palestra aos empresários, Hazel se reuniu com os secretários estaduais da Administração, Planejamento, Indústria e Comércio, Desenvolvimento Urbano, e com o presidente da Copel, Paulo Pimentel.

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