Especialista reforça críticas contra os transgênicos

A estrutura agrária da pequena propriedade rural, responsável pela produção de alimentos não só no Brasil, mas em países europeus, corre risco de destruição em função do uso de organismos geneticamente modificados, os transgênicos. O alerta é feito pelo ambientalista e engenheiro agrônomo Sebastião Pinheiro, conhecido nacionalmente por sua luta em defesa do meio ambiente e que desenvolveu a “Cartilha da Biodiversidade”.

“Os produtos transgênicos como instrumento tecnológico causarão impactos vários. Facilitarão os agronegócios dos grandes conglomerados agroindustriais alimentares, concentrando poder financeiro, político e econômico destes segmentos. Dará mais condições aos poderosos para oprimir aos fracos”, afirma.

Monsanto

O risco econômico para os pequenos produtores e até empresas de grande porte é detalhado pelo ambientalista na Cartilha da Biodiversidade. Ele descreve casos de empresas que tentaram entrar no mercado da transgenia, mas não tiveram dinheiro suficiente para competir com as gigantes, como a americana Monsanto. “Uma patente transgênica vale uma fortuna, considerando os mercados bilionários que ela permite monopolizar, mas para os investimentos neste setor somente empresas gigantescas têm condições e recursos para sobreviver”, explica. Pinheiro confirma a informação de que a Monsanto introduziu clandestinamente a soja transgênica Roundup Ready no Brasil, sem que nenhum estudo sobre a segurança ou eficácia do produto tivesse sido realizado. Ele explica que o Roundup é um herbicida da Monsanto que mata qualquer planta, inclusive a soja. No entanto, a soja transgênica da empresa recebeu características de resistência ao Roundup encontrada em bactérias do solo. Este gene foi transferido para a soja, que não morre quando é aplicado o herbicida sobre ela para eliminar as ervas daninhas da plantação. “Agora, a Monsanto lança a soja resistente ao Roundup para ?casar? a compra de sua semente ao uso de seu herbicida, que promete economizar no consumo de agrotóxicos”, alerta.

Saúde

Pinheiro alerta também para outros riscos a que são expostos os usuários de produtos transgênicos. “Os cientistas gostam de dizer que a técnica de produção de insulina, indispensável para os diabéticos, é um produto transgênico, mas escondem que ele não faz efeito em mais de 10% dos usuários, que já abandonaram o seu uso e retornaram à insulina suína”, esclarece Pinheiro. Além disso, segundo o autor, há uma gigantesca diferença entre um fármaco transgênico e uma planta ou animal transgênico porque o gene inserido em uma bactéria, fungo ou outro micróbio se expressa e produz um produto (remédio, terapia ou vacina). “O produto é que é usado, não o ser vivo transgênico. O organismo transgênico está contido com muita segurança, dentro de um laboratório. Ele não é colocado na natureza, pois seria uma catástrofe”, analisa.

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