O presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano), Ben Bernanke, fez hoje um longo discurso na Universidade de Princeton (Nova Jersey), onde lecionou entre 1985 e 2002. Ele falou sobre as lições aprendidas com a crise financeira e aproveitou para reiterar sua insatisfação com o andamento da recuperação econômica dos EUA.

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“Embora a maior parte dos mercados financeiros esteja funcionando normalmente agora, um esforço combinado na política monetária ainda não produziu uma recuperação econômica de vigor suficiente para reduzir significativamente o alto nível do desemprego”, disse.

Depois da reunião de política monetária de 21 de setembro, o Fed afirmou que estava preparado para adotar novas medidas para acelerar o ritmo do crescimento econômico, se necessário, provavelmente comprando mais títulos do Tesouro dos EUA para reduzir as taxas de juros de longo prazo e encorajar a tomada de empréstimos. A expressão de insatisfação do presidente do Fed com a recuperação e com o nível teimosamente alto do desemprego poderia ajudar a reforçar uma visão entre os investidores de que o banco central deverá adotar novas medidas nos próximos meses.

Bernanke mencionou apenas brevemente a aquisição de títulos, afirmando que os economistas precisam pesquisar mais sobre o impacto dessa medida. Um dos maiores desafios do Fed atualmente é prever o impacto que a possível retomada de seu programa de compra de ativos teria nos mercados e na economia. O presidente e as outros dirigentes do Fed acreditam que as compras fizeram com que as taxas de juros de longo prazo caíssem significativamente.

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O Fed adquiriu quase US$ 1,7 trilhão em Treasuries e títulos lastreados em hipotecas em 2009 e no começo deste ano. Agora, a instituição só está comprando a quantia necessária de Treasuries para compensar a redução da sua carteira de títulos lastreados em hipotecas, por causa de refinanciamentos e do vencimento de hipotecas.

Boa parte do discurso de Bernanke focalizou a defesa dos economistas de críticas de que suas teorias foram a causa da crise financeira e da recessão. Teorias econômicas ruins não foram culpadas pela crise, disse Bernanke, foi uma má administração da economia. “Os apelos por uma reformulação radical da economia foram longe demais”, afirmou.

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Um dos maiores críticos dos economistas é o ex-colega de Bernanke e professor de Princeton Paul Krugman, que tem argumentado que a profissão tornou-se muito apaixonada por noções que idealizam os mercados. Bernanke respondeu que teorias econômicas duradouras ajudaram as autoridades monetárias a entender como funcionam as instituições financeiras e a identificar anomalias nos preços de títulos lastreados em hipotecas.

Mas Bernanke também reconheceu muitas falhas, em especial de previsões. “Quase totalmente, os economistas não conseguiram prever a natureza, a época ou a severidade da crise. Os poucos que fizeram alertas antecipados identificaram somente fraquezas isoladas no sistema, nada próximo do conjunto total de complexas ligações e mecanismos que amplificaram os choques iniciais e acabaram resultando em uma crise global devastadora.” As informações são da Dow Jones.