Escândalos deixaram crise de credibilidade

As recentes fraudes contábeis envolvendo empresas internacionais de auditoria criaram uma crise de credibilidade na atividade, mas por outro lado favoreceram as empresas remanescentes do setor. A avaliação é do diretor-presidente da Ernst & Young no Brasil, Júlio Sergio de Souza Cardozo. “O mercado sofreu o reflexo do desaparecimento da Artur Andersen. As empresas sobreviventes se beneficiaram dos clientes”, diz.

Para ele, os episódios isoladamente não trouxeram nenhum prejuízo financeiro para as empresas de auditoria do Brasil. “Isso representa que a contabilidade precisa mudar, precisa se atualizar. O mundo dos negócios evoluiu e as técnicas contábeis não evoluíram”, analisa. Segundo ele, a alternativa para as empresas de auditoria melhorarem sua visibilidade diante do mercado é promover o aperfeiçoamento das práticas contábeis.

Cardozo concorda que é incoerente a mesma empresa prestar serviços de auditoria e consultoria. “O mercado tem uma percepção de que isso tem um grande conflito de interesses e essas empresas precisam sair do mercado”, afirma, destacando que a Ernst & Young foi a primeira firma de auditoria a vender sua divisão de consultoria de negócios, permanecendo apenas com a consultoria tributária.

“Os investidores precisam ter confiança nos auditores, que ainda são uma garantia. A atividade continua sendo útil, necessária e indispensável para a sobrevivência do mercado de capitais. Esse episódio tem que ser entendido como exceção à regra”, ressalta Cardozo, lembrando que a Artur Andersen desapareceu do mercado pelo envolvimento nas fraudes das norte-americanas Enron e WorldCom. Porém ele concorda que “enquanto a poeira não assentar, vai haver reflexos nas bolsas”.

Crescimento

O presidente da Ernst & Young no Brasil acredita que o segmento de auditoria continue apresentando crescimento razoável no País. “Com a retração econômica, todos vão pagar um certo prazo. Minha previsão de crescimento dos negócios está na dependência do crescimento do País, que por sua vez está na dependência das eleições”, acentua.

Terceira maior empresa de auditoria do Brasil, a Ernst & Young ocupa o segundo lugar em participação no mercado paranaense, onde tem entre os clientes, Copel, Sanepar e Renault. No último exercício fiscal – encerrado em junho – o escritório paranaense da auditoria registrou o segundo maior crescimento no faturamento do País, entre 30 e 40%, atrás apenas da unidade de São Paulo (40 a 45% de incremento) e superior à média nacional da empresa, que teve expansão de 25%.

De acordo com Cardozo, o bom resultado da filial Paraná se deve “à própria atração de investimentos estrangeiros em política bem sucedida do governo, que gerou crescimento econômico em todo o Estado”.

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