O presidente-executivo da montadora franco-japonesa Renault/Nissan, o brasileiro Carlos Ghosn, está com a permanência no cargo ameaçada após o escândalo de falsa acusação de espionagem na empresa. O episódio levou à demissão errônea de três altos executivos da empresa em janeiro e culminou, esta semana, com a renúncia do número dois do grupo, Patrick Pelata, que arcou com a maior parte da responsabilidade pelos erros cometidos durante a investigação do caso.
| Divulgação |
|---|
![]() |
| Escândalo abala credibilidade de Ghosn. |
Os fatos arranharam a imagem de Ghosn e levantaram especulações sobre sua permanência à frente das empresas. Mas até o momento não há sinais de que ele entregue o posto.
Nascido no Brasil, mas nacionalizado francês, Ghosn está no cargo desde 2005, quando transformou o grupo Renault-Nissan na terceira maior montadora do mundo, atrás da Toyota e da General Motors. Além de trazer competitividade ao grupo, o executivo é constantemente elogiado por conseguir conciliar duas operações em continentes diferentes e mantê-las com autonomia, apesar da aliança.
Embora seja alvo de pressões populares na França para apurar o caso do suposto vazamento de informações sobre o carro elétrico da montadora para concorrentes – sobretudo chineses -, os bons resultados de Ghosn no comando da empresa contam a seu favor. O brasileiro se tornou um respeitado executivo pela habilidade de costurar a aliança entre a Renault e a Nissan em 1999, quando a montadora japonesa estava prestes a falir. No Japão, Ghosn é tido como um herói por ter salvado um dos símbolos da indústria nacional.
Mas na França, onde o escândalo veio à tona, Ghosn ainda precisará reconquistar a confiança de alguns setores. Apesar de a população pedir uma investigação mais rigorosa, o governo, que detém 15% da montadora, defende a permanência de Ghosn. “Como ministro da Indústria (da França), ouvi a voz do povo pedindo por punição, mas a maior preocupação do ministro da Indústria neste momento é não desestabilizar a Renault ainda mais,” afirmou Eric Besson em entrevista à rádio RFI.
O escândalo estremeceu a relação entre França e China ficou estremecida. Pequim repreendeu o governo francês pela forma como o país tratou o assunto, dizendo esperar que os fatos fossem averiguados, antes de uma nação ser acusada injustamente.
Em entrevista à emissora TF1, em março, Ghosn pediu desculpas pelo caso e disse que iria readmitir os funcionários demitidos injustamente pelas acusações. Além disso, prometeu devolver seu bônus de 2010 – de 1,6 milhão de euros – e o lucro por opções de compras de ações em 2011 após o caso.



