economia

EPE: preços nos leilões colocam Brasil no nível do valor da energia no mundo

O resultado dos leilões de energia nova A-4 (na segunda-feira, 18) e A-6 (na quarta-feira, 20) apontaram para uma expressiva queda dos preços da energia, com um deságio médio de 54,65% e de 38,70%, respectivamente, colocando o País em pé de igualdade com outros países, que vinham conseguindo contratar energia a preços melhores. É o que indicou o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Luiz Augusto Barroso. “Ficamos satisfeitos com o resultado do leilão com destaque importante para os preços, que registraram recordes, colocando o Brasil no mesmo nível de preços no mundo”, disse o executivo durante coletiva de imprensa para comentar os resultados do certame realizado na manhã desta quarta.

Nesta quarta-feira, a energia eólica para entrega em 2023 foi contratada ao valor médio de R$ 98,62 por megawatt-hora (MWh), abaixo dos R$ 118,89/MWh da energia eólica mais barata já contratada (considerando os preços atualizados pela inflação), e do preço médio de R$ 108/MWh para os projetos eólicos contratados no leilão A-3 da última segunda-feira, quando já haviam atingido o valor mínimo. Neste certame, também a energia solar atingiu o valor mais baixo negociado, de R$ 145,68/MWh na média.

Mas Barroso salientou que os preços ficaram abaixo de US$ 40/MWh, para um grande número de projetos, e que, considerando o melhor fator de capacidade que os projetos eólicos e solares no País em relação a outras localidade com níveis inferiores, o valor ficou em linha com o visto em contratações no exterior.

Para Barroso, não foi apenas a ausência de leilões nos últimos quase dois anos que levou a uma maior competição e à consequente queda dos preços, mas também a busca por novas soluções de financiamento, com um maior esforço de engenharia financeira, para além das linhas oferecidas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). “Percebi uma criatividade maior na estruturação financeira dos projetos, não necessariamente baseando no longo prazo do BNDES, mas tem debêntures de infraestrutura, diversificando a origem”, disse.

Ele destacou que recentemente os projetos de geração de energia passaram a obter financiamentos de agência de crédito a exportação (ECA – Export Credit Agency), e também com a participação dos próprios fornecedores, o que avaliou também como decorrência de uma melhora da credibilidade do País e particularmente do setor elétrico brasileiro no último um ano e meio.

“A diversificação é importante e útil para dar robustez ao projeto, porque a cada novo financiador é necessária uma nova diligência… quanto mais financiadores, mais o projeto está sujeito à sabatina e os que passam realmente são os que estão mais robustos em relação aos riscos envolvidos”, disse.

Ele admitiu que a busca por financiamentos alternativos ao BNDES também decorre do uso de equipamentos importados, tendo em vista que o banco de fomento tem uma política de favorecimento de equipamentos nacionais, e indicou que isso tem sido visto particularmente no segmento solar, em que a cadeia produtiva nacional ainda é pequena. “Mas não vemos equipamento nacional como sendo primordial, vemos a equação total sendo favorável para o consumidor e para o Pais de forma geral”, disse.

Voltar ao topo