Entidades sugerem plano plurianual ao agronegócio

Entidades de classe e órgãos governamentais ligados ao agronegócio no Paraná apresentaram ontem ao secretário nacional de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Ivan Wedekin, propostas para a formulação de um plano plurianual para o setor. O documento, elaborado pela Ocepar (Organização das Cooperativas do Paraná), Faep (Federação da Agricultura do Paraná), Seab (Secretaria Estadual da Agricultura e Abastecimento) e Conab/PR (Companhia Nacional de Abastecimento) foi divulgado ontem, em Curitiba, durante o Fórum de Política Agrícola.

“Dentro da proposta de um novo modelo de política agrícola, precisamos de segurança na linha de atuação, para que os produtores possam definir com clareza os rumos de sua atividade a médio e longo prazo”, ressaltou o presidente da Ocepar, João Paulo Koslowski. “O governo Roberto Requião assumiu fazer do setor produtivo rural a prioridade primeira no seu governo”, declarou o vice-governador e secretário da Agricultura, Orlando Pessuti. “Queremos contribuir através de parcerias com o cooperativismo e desenvolvimento do Sicredi (Sistema de Crédito Cooperativo)”. O assessor especial da Faep, Carlos Augusto de Albuquerque, salientou que a agricultura tem muito a oferecer ao País, mas necessita de incentivos. “Precisamos de mais recursos para produzir e os juros não podem seguir essa trajetória de alta. É urgentíssima a aprovação do seguro-rural, sem o qual o setor não pode continuar batendo recordes”, reivindicou.

De acordo com o estudo, o Brasil tem condições de triplicar a área plantada atualmente sem desflorestar mais a Bacia Amazônica. Há uma área agricultável disponível de 84 milhões. No ano passado, o agronegócio representou 31% do PIB brasileiro, 96,5 milhões de toneladas produzidas, 27% da população economicamente ativa, US$ 24,8 bilhões em exportações e US$ 20,3 bilhões de superávit na balança comercial. Neste ano, a previsão é produzir 112 milhões de toneladas, gerando saldo de US$ 23,5 bilhões na balança do setor. “Dependendo da intensidade da guerra, esse número pode reduzir”, observou Wedekin. Para o plano-safra 2002/2003, estão disponíveis R$ 18,95 bilhões de diversas fontes de financiamento.

O plano plurianual sugere que a Secretaria de Política Agrícola crie uma divisão específica para coordenar e elaborar sua execução. Entre as metas do plano para 2006, estão: produção de 140 milhões de toneladas de grãos; ampliação da produção de alimentos básicos em 20 milhões de toneladas; superávit de US$ 28 bilhões na balança comercial do agronegócio; e geração de mais 2 milhões de empregos. Wedekin ouviu as sugestões paranaenses, mas informou que por enquanto só há um plano plurianual para o trigo.

Medidas

O secretário elegeu a modernização da política agrícola como principal alvo da pasta. “Nossa meta é implantar o seguro-rural, aproveitando a discussão da reforma tributária para desonerar o produtor”, comentou. Ele também prometeu aperfeiçoar os programas ligados à agricultura familiar e fortalecer o cooperativismo. Porém vê com dificuldade o aumento do crédito rural, principalmente por causa da elevação do compulsório sobre os depósitos à vista. Uma das medidas já adotadas foi o lançamento da Linha Especial de Crédito para Comercialização (LEC) de milho e sorgo.

Cotação do trigo vai subir 40%

Olavo Pesch

O secretário de Política Agrícola, Ivan Wedekin, anunciou ontem que o novo preço mínimo de garantia para o trigo na Região Sul será de R$ 400 a tonelada, 40,3% acima do valor pago hoje ao produtor. Os demais cereais de inverno também tiveram reajuste no mesmo percentual. A vigência dos novos valores depende de aprovação do Conselho Monetário Nacional, que se reunirá na próxima quarta-feira.

Wedekin explicou que as correções refletem o aumento de custos e descartou a possibilidade do governo comprar estoques. A meta acertada com a cadeia do trigo é produzir 4,5 milhões de toneladas nesta safra, que terá aumento de 10% na área plantada. “Com o preço mínimo, a meta de alcançarmos metade do consumo será conseguida em menor tempo”, comemorou o presidente da Abitrigo (Associação Brasileira da Indústria de Trigo), Roland Guth. Ele solicitou ao Ministério da Agricultura a extensão da LEC à triticultura.

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