Encarecimento de energia para indústrias pode afetar PIB, avalia associação

Rio de Janeiro – A continuidade da escassez de chuvas e da conseqüente elevação do preço da energia no mercado de curtíssimo prazo, conhecido como mercado spot, pode levar as indústrias a dar férias coletivas aos empregados e baixar o consumo para não ficarem expostas à oscilação de preços. A avaliação é do presidente da Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Energia Elétrica (Apine), Luiz Fernando Vianna.

Segundo Vianna, esse movimento do setor industrial pode reduzir a produção e afetar o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma das riquezas produzidas no país. ?Essa pode ser uma conseqüência maléfica do alto preço?, observa.

O custo da energia no curto prazo é a principal preocupação da Apine. Hoje (14), o preço do megawatt-hora no Sistema Sudeste, que concentra a maior carga e as maiores indústrias do país, chegou a R$ 569,50, poucos centavos abaixo do teto de R$ 569,57 fixado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Em dezembro de 2006, o preço era de R$ 58,76. Em dezembro de 2007, o valor subiu para R$ 204,93, atingindo R$ 475 na semana passada.

Para o presidente da Apine, a escalada do preço pode ter um impacto muito grande no mercado. ?Os consumidores livres, geradores e comercializadores que não tiverem carga suficiente para cumprir os seus contratos vão ter de comprar no mercado livre [sujeito a oscilações]?, explica.

Os consumidores residenciais, ressalta Vianna, não devem sentir esse custo porque o preço é baseado em um modelo que tem as chuvas como referencial. ?Se chover com bastante intensidade, o preço deve cair. Nesse caso, os consumidores residenciais acabariam não sendo afetados?, diz.

A segunda preocupação da Apine referente à atual crise de energia está ligada ao volume de chuvas abaixo do esperado. Como a estação úmida, que no Sudeste vai de meados de dezembro até o final de abril, ainda não ocorreu, Luiz Fernando Vianna afirma ser prematuro fazer qualquer avaliação em termos de abastecimento.

O Brasil tem cerca de 85% da geração de energia proveniente de usinas hidrelétricas. Por isso, é muito dependente do regime de chuvas. ?Vamos ter uma noção melhor sobre o impacto no suprimento do país, a partir de meados de fevereiro, quando vamos saber como foi regime de chuvas em janeiro?, explica.

Na avaliação de Vianna, com a elevação do custo da energia, a expectativa é de que a inadimplência do setor, que historicamente era muito baixa (em torno de 2%), dê também um salto, acompanhando. ?Historicamente, nunca se teve um preço de curto prazo tão alto, desde o racionamento de 2001. Então, uma outra preocupação dos produtores independentes é que haja um aumento da inadimplência com esse preço muito alto?, ressalta.

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