Empresas compram dólar e moeda sobe a R$ 3,56

São Paulo  –  O dólar comercial voltou a ficar pressionado nesta quinta-feira. Nem mesmo um leilão de linha externa do Banco Central foi suficiente para conter a alta da moeda americana, que encerrou o dia em elevação expressiva de 1,71%, a R$ 3,560 na compra e R$ 3,565 na venda. Na máxima do dia, a moeda subiu quase 2%, chegando a R$ 3,572, uma alta de 1,91% sobre o fechamento de terça-feira.

Ontem, especialmente, muitas empresas resolveram comprar a moeda americana para liquidar as dívidas no exterior. Como na semana que vem haverá o feriado de Ano Novo, os empresários se anteciparam e saíram às compras para liquidar as dívidas. O leilão de linhas externas do Banco Central não ajudou. O BC vendeu os US$ 150 milhões que ofertou e a taxa máxima para a recompra dos dólares ficou em R$ 3,545493. A liquidação da venda será realizada amanhã e a da recompra será no dia 9 de janeiro.

– O leilão de linhas ajudou pouco porque funciona apenas como um cheque especial para as empresas, que vão apenas adiar a remessa mais para a frente. Quem tem dívida para pagar no exterior não quer deixar para comprar o dólar na última hora, pois pode não haver vendedores. Isso é péssimo para o mercado e o BC deveria atuar com mais firmeza e irrigar o mercado, que está com baixa liquidez – afirmou Marcelo Schmitt, do Lloyds TSB.

Schmitt lembrou ainda da possibilidade de guerra dos Estados Unidos contra o Iraque, o que pode provocar uma crise no comércio de petróleo e prejudicar a economia mundial. A moeda também costuma ganhar pressão nos últimos dias do mês quando comprados e vendidos brigam para formar a Ptax, que é a média diária das cotações definida pelo Banco Central.

– O clima no mercado mudou desde o desacerto entre o PMDB e o PT. Ninguém sabe o que vai acontecer no ano que vem. Ninguém sabe se o PT conseguirá maioria no Congresso e, por isso, o clima de otimismo foi embora. Aliado a isso está a baixa liquidez do mercado, o que faz qualquer operação ganhar enorme proporção – afirmou

A moeda abriu estável, ontem, mas ganhou pressão logo depois. O leilão de linha externa do Banco Central ajudou a cotação a cair por volta das 11 horas. No entanto, a moeda voltou a ficar pressionada no final da manhã. Para o diretor da corretora Pioneer, João Medeiros, o mercado subestimou o vencimento de contas que as empresas têm a pagar neste final de ano. Ele disse que muitas companhias vão fechar nesta sexta-feira e reabrir as portas somente no dia 6 e, por isso, limparam as gavetas e compraram dólar para pagar as dívidas.

As atenções ontem também ficaram voltadas aos integrantes do novo governo, que tomam posse no dia 1.º de janeiro. Lula já escolheu os ministros e os secretários, mas agora os investidores querem saber mais detalhes sobre a permanência ou não dos atuais diretores do Banco Central.

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