Empresários criticam manutenção da Selic

A decisão do Banco Central em manter a taxa básica de juros (Selic) em 16% ao ano gerou reclamações por parte da classe empresarial, incluindo industriais e comerciantes. Embora a decisão já fosse esperada, o mercado torcia pela redução.

“Esperávamos que caísse pelo menos 0,5 ponto percentual. Infelizmente, o governo alega que se houver a redução, o consumo pode aumentar e, conseqüentemente, a inflação voltar”, aponta o presidente do Sistema Fecomércio-PR (Federação do Comércio no Paraná), Darci Piana. Segundo ele, com a manutenção dos juros, não está descartada a possibilidade de demissões no comércio, diante das dificuldades econômicas. “Se o governo desse pelo menos sinalização de queda, já facilitaria muito”, afirmou.

Para o presidente do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Rodrigo da Rocha Loures, o Banco Central perdeu mais uma oportunidade para reduzir a taxa básica de juros. “Estamos vivendo um bom momento, com o crescimento da economia e melhoria do superávit comercial e primário. O cenário é propício para a redução da Selic e para uma mudança na política monetária. Mas o Copom perdeu a oportunidade”, avaliou Rocha Loures.

Segundo ele, a redução dos juros melhoraria a capacidade de pagamento da dívida brasileira e diminuiria o Risco Brasil. “Esta é uma questão central para o País e não foi levada em consideração. A queda nos juros traria alívio para o esforço fiscal que estamos fazendo para honrar nossas contas”, afirmou.

“O governo Lula continua sem ousadia mesmo com algum crescimento nos postos de trabalho”, criticou o presidente da Central Brasileira dos Trabalhadores e Empreendedores (CBTE), José Avelino Pereira. “Isso é preocupante, pois se há esperança de melhora, por quê continuar na defensiva?”, questionou. A CBTE representa 7 milhões de trabalhadores formais e informais em todo o País.

Bom senso

O analista de investimentos Marcelo Martenetz, da SM Consultoria Econômica, afirma ser favorável ao ?bom senso?. “O principal objetivo do Banco Central não é fixar juros, mas preservar o poder de compra da população. Portanto, o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) só olha a inflação”, observou Martenetz.

Segundo ele, o aumento de juros nos EUA também influenciou. “Baixar os juros e depois aumentar é contraproducente”, afirmou. Para o analista de investimentos, a Selic deve encerrar o ano em 15%. A queda deve acontecer apenas em outubro ou novembro. “Se quiserem baixar a taxa de 16% para 12% é só fazer três ou quatro reformas. A alta taxa de juros é conseqüência de o Brasil não ser um País sério”, conclui.

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