Os países emergentes se fortalecem após a crise e ganham cada vez mais destaque no atual cenário global, em contraste com a recuperação lenta e irregular das economias desenvolvidas. O debate de abertura do 40º Fórum Econômico Mundial, realizado nesta manhã em Davos (Suíça), mostrou que as nações em desenvolvimento ocupam o topo das preferências dos especialistas internacionais. No entanto, os riscos também estão presentes, incluindo o estouro de uma nova bolha. “Os mercados emergentes são os lugares mais atrativos para investir neste momento”, afirmou David Rubenstein, cofundador do private equity Carlyle Group. “Países como China, Brasil e Índia verão muitos recursos chegando.”

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Prevalece a percepção de que os países em desenvolvimento apresentam atualmente menos problemas do que os desenvolvidos, algo que não era visto no passado. Protegidos pela demanda do mercado interno e por sistemas bancários menos alavancados, os emergentes voltam a crescer fortemente, enquanto os Estados Unidos, Japão e Europa ainda patinam. “Os emergentes são um bom lugar para estar, têm liquidez e força”, disse o presidente do Abraaj Capital, dos Emirados Árabes, Arif Naqvi. “As oportunidades são tremendas”, afirmou, ao citar os relevantes investimentos em infraestrutura.

O ex-economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI) e professor da Universidade de Chicago Raghuram Rajan acredita que a antiga descrição atribuída aos emergentes, com uma série de riscos, hoje se aplica na verdade aos desenvolvidos. “Historicamente, nunca foram bem, mas agora estão se saindo melhor.”

O economista Nouriel Roubini está mais otimista com os emergentes do que com as economias avançadas. Ele argumenta que esses países adotaram políticas anticíclicas e não possuem sistemas financeiros tão alavancados. No entanto, Roubini mostra cautela com uma série de riscos. Ele avalia que os países do Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) precisam fazer ajustes internos. A Rússia, por exemplo, está muito centrada na produção de petróleo e a Índia e o Brasil terão de realizar reformas.

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A preocupação com uma nova bolha segue presente. Segundo Roubini, o uso do dólar como moeda de financiamento para as operações de carry trade, em que os investidores tomam empréstimos a juros reduzidos no curto prazo, gera apreciação das moedas emergentes, o que pode levar a problemas no futuro. Para Rajan, da Universidade de Chicago, “existe o risco de irmos do boom para um estouro (da bolha)”.