O Brasil está decidido a evitar que a próxima etapa das negociações entre a União Européia (UE) e o Mercosul fracasse. Amanhã (18), o subsecretário-geral de Assunto de Integração do Itamaraty, embaixador Clodoaldo Hugueney, se reúne em Genebra com negociadores europeus para alertar que, caso Bruxelas não mude sua postura em relação ao processo, a reunião ministerial que ocorrerá no Rio de Janeiro entre os dois blocos, na semana que vem, corre o risco de não trazer resultados.
?Um fracasso na reunião ministerial não seria de interesse nem do Mercosul nem da UE?, alerta o embaixador. Na semana passada, a UE apresentou uma proposta que dividiria a negociação em duas partes. A primeira seria dedicada às regras de comércio e, apenas em um segundo momento, seria debatido o acesso ao mercado, prioridade para o governo brasileiro. ?O que a UE apresentou não pode ser base de entendimento?, afirma Hugueney.
O Brasil promete até ceder em alguns pontos para conseguir que a UE adote uma nova estratégia. Uma das propostas do País é de que a negociação seja mais limitada, mas que consiga estar finalizada até 2004. Desta forma, produtos sensíveis para os europeus acabariam sendo protegidos e a negociação não ficaria bloqueada. Uma segunda etapa do acordo, portanto, seria negociada a partir de 2005, quando a rodada da Organização Mundial do Comércio (OMC) estivesse concluída.
Outra proposta que o Brasil estaria disposta a aceitar seria o estabelecimento de cotas para os produtos nacionais que busquem o mercado europeu. O Itamaraty poderia inclusive ampliar sua proposta de acesso ao mercado nacional de bens manufaturados. Isso, porém, estaria condicionado a uma liberalização do mercado europeu aos produtos agrícolas.