São Paulo – O dólar comercial interrompeu uma seqüência de três quedas consecutivas e fechou ontem em alta de 0,63%, cotado a R$ 2,867 na compra e R$ 2,870 na venda. O desempenho do câmbio destoou do restante do mercado, onde o dia foi de números positivos. Os investidores receberam com tranqüilidade o relatório do deputado José Pimentel (PT-CE) sobre a reforma da Previdência, mas se mantiveram retraídos. O C-Bond voltou a subir com força e ajudou a derrubar o risco-país, que caía 5,34% no final da tarde, aos 761 pontos-base.

A alta do dólar foi atribuída à liquidez reduzida e ao fluxo cambial excepcionalmente negativo. A cotação iniciou o dia em baixa e atingiu a mínima de R$ 2,838 (-0,42%), antes de inverter a tendência. Segundo operadores, uma empresa com compromisso no exterior comprou dólares e pressionou a cotação no início da tarde, quando a liquidez era menor. Tesourarias bancárias também teriam recomposto posições. Com isso, teve pouco impacto a notícia da captação de US$ 100 milhões do Itaú BBA, concluída ontem.

– Não houve má repercussão da reforma, cujo relatório ficou próximo do esperado pelo mercado. O texto divulgado hoje deve ser a gênese da reforma – disse Alexandre Santana, analista da ARX Capital Management.

Santana afirma que a rolagem de apenas 52% da dívida pública de US$ 2,7 bilhões vencida ontem não provocou pressão sobre o dólar à vista. Segundo ele, o Banco Central (BC) tem o completo mapeamento das operações de ??hedge?? (proteção cambial) dos bancos, o que lhe permite reduzir a rolagem da dívida cambial em percentuais seguros. Além disso, lembra, os próximos vencimentos da dívida cambial serão bem menores.

– As captações externas devem continuar a acontecer, derrubando o dólar novamente. É bem possível que a alta de hoje (ontem) seja revertida amanhã (hoje) – afirma.

A proximidade da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) continuou a embalar os negócios com juros na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F). As apostas são de que o comitê, formado pelos diretores do Banco Central, cortará a taxa Selic em até dois pontos percentuais. A aposta encontra justificativa nas taxas de deflação e nas sinalizações do governo nesse sentido. O Depósito Interfinanceiro (DI) de agosto, que projeta os juros de julho, fechou em 24,84% ao ano, contra os 26% da Selic vigente. O DI de abril de 2004 ficou em 21,18%.

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