Eletricitários mantêm greve

Os duzentos eletricitários da subestação de Furnas, em Foz do Iguaçu, decidiram, em assembléia realizada ontem, continuar em greve até quarta-feira. A subestação de Furnas é responsável pela transmissão de 25% da energia elétrica brasileira, produzida pela Itaipu Binacional, abastecendo as regiões Sudeste e Sul e o Estado de Mato Grosso do Sul.

A paralisação nacional, iniciada na última quinta-feira, também envolveu os funcionários da Eletrosul, em Curitiba e Ivaiporã, porém ontem eles retornaram ao trabalho, permanecendo em “estado de greve” até a próxima sexta-feira. A categoria reivindica reajuste salarial de 9,68% mais 2% de participação na produtividade. Anteontem à noite, houve uma reunião da comissão nacional dos eletricitários no Ministério de Minas e Energia, sem acordo. A Eletrobrás ofereceu correção de 6%.

A subestação de Foz está funcionando com quatro operadores. A troca de turno está sendo realizada a cada 12 horas, quando o normal é seis horas. O presidente do Sindicato dos Eletricitários de Foz (Sinef), Assis Paulo Sepp, explica que a greve retarda os serviços de manutenção. “O risco no setor elétrico é contínuo, sempre há possibilidade de defeito em equipamento. Nesse momento não estamos executando nenhuma manutenção preventiva e o contingente de pessoas é o mínimo”, salienta.

“Os grandes blecautes nacionais foram na parte de transmissão. É mais crítico que a geração”, reforça o engenheiro eletricista Antônio Cezar Quevedo Goulart, diretor financeiro do Sindicato dos Engenheiros do Paraná (Senge/PR) e funcionário da Eletrosul. Segundo ele, a greve ainda não afetou o sistema elétrico nacional, mas caso haja algum problema, o atendimento será mais demorado que o normal. Se a greve se prolongar, pode haver um colapso de energia na região Sul, alerta o engenheiro. “Mesmo os sistemas de transmissão das grandes usinas, como a Itaipu e as da Copel, utilizam as linhas da Eletrosul”, observa.

Negociação

Ontem, ocorreu uma rodada de negociação na sede da Eletrobrás, no Rio de Janeiro. A pauta específica dos trabalhadores da Eletrosul -braço da Eletrobrás na região Sul – será discutida na próxima terça-feira na sede da empresa, em Florianópolis. No mesmo dia, haverá uma reunião com os dirigentes de Furnas.

“Nossa perda acumulada é de mais de 120% desde o início do Plano Real. Nesse período, não recebemos nem 15% de aumento, enquanto só a tarifa de energia subiu em torno de 150%”, lamenta Goulart. O último reajuste da categoria – de 6% – foi concedido em maio do ano passado.

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