NA BOVESPA

Eike Batista já perdeu mais de R$ 11 bilhões em 2011

Com uma fortuna estimada em cerca de R$ 45 bilhões pela revista americana Forbes no começo do ano passado, o megaempresário Eike Batista viu suas cinco empresas listadas na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) perderem mais de R$ 11 bilhões neste ano. Um levantamento da consultoria Economatica mostrou que, no final de 2010, as cinco empresas valiam R$ 83,5 bilhões, contra R$ 72,1 bilhões até 9 de fevereiro.

As ações da empresa de mineração (MMX) foram as que mais sofreram em termos de variação, com queda de 18,7%. Os papéis da companhia de logística (LLX, com -15,6%) e de equipamentos e serviços navais (OSX, com -16,8%) também tiveram fortes baques. Apenas a MPX Energia teve rentabilidade positiva no período, com alta de 21,9% nas ações.

Mas a maior queda nominal em valor de mercado veio da OGX Petróleo, que encolheu R$ 9,5 bilhões depois de os papéis perderem 14,8% no período. Um dos motivos para o recuo foi a expectativa frustrada de que a empresa poderia vender parte de seus ativos na Bacia de Campos, o que estava programado para acontecer até outubro de 2010.

“As ações passaram a cair com boatos de que a venda não seria mais no ano passado, e vêm caindo desde então”, afirmou um analista de um grande banco de varejo que preferiu não se identificar.

A queda foi apontada como um dos motivos para que Eike tenha convocado seus diretores, analistas e imprensa para duas teleconferências na quarta-feira. “Pode ter sido minha culpa por não ter vindo aqui falar antes com vocês, apresentar o andamento de minhas empresas,” disse o bilionário, na ocasião.

Eike explicou que decidiu não vender os ativos por avaliar que o preço não estava justo, lembrando que se tratava de um período atípico, com eleições e com a megacapitalização da Petrobrás, que concentraram as atenções dos investidores.

“Eu aprendi que existe uma hora certa para vender”, afirmou Eike, dizendo ter apostado numa valorização de 30% a 40% dos ativos. “Valeu a pena esperar. Cada vez que você tem mais dados, você sobe o valor por barril”.

Outro motivo para a baixa eram boatos de que um relatório indicando que as reservas de petróleo e gás poderiam eventualmente ser menores do que o estimado anteriormente. Mas o empresário também esclareceu a questão, mostrando tranquilidade e dizendo confiar na independência da empresa responsável pela análise, recebendo do mercado um voto de confiança à OGX, cuja ação fechou ontem em nova alta de 4,8%. Nos dois dias anteriores, na esteira do pronunciamento do executivo, os papéis já registravam fortes altas.

A empresa também anunciou a conclusão da perfuração do poço OGX-26, outra boa notícia para o mercado. O potencial de vazão de 40 mil barris por dia do poço é equiparável aos melhores poços da Bacia de Campos, só que em águas rasas e próximo da costa, o que reduz custos de extração.

Na ofensiva durante as entrevistas, Eike também reforçou em diferentes momentos que estava bem de saúde, negando supostos rumores de que estaria tendo colapsos nervosos, o que poderia decorrer da queda das ações e da evasão de executivos da empresa. Mas de nove analistas consultados pela Agência Estado nos últimos três dias, nenhum havia acompanhado boatos sobre problemas de saúde.

Agora, o mercado aguarda a divulgação do relatório sobre as reservas que saem ainda no primeiro trimestre e notícias sobre possível venda de ativos, no caso da OGX. Também avaliará o início de geração de fluxo de caixa de três (MPX, OGX e OSX) das cinco empresas com capital aberto, programado para agosto.