Economista prevê inflação de até 15% em 2003

O economista e professor da PUC-RJ Luiz Roberto Cunha calcula que a inflação em 2003 pode ultrapassar os dois dígitos, chegando até a 15%. ?Em alguns cenários, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) poderá ficar acima de 10%, ou entre 10% e 15%?, disse. A previsão está alinhada com as apostas do mercado, mas contraria as expectativas dos principais institutos de pesquisa, segundo os quais essa projeção é ?exagerada?.

Cunha disse que, se a inflação chegar a dois dígitos, a equipe econômica do próximo governo terá de negociar com o Fundo Monetário Internacional (FMI) a flexibilização da meta para o próximo ano. A desvalorização do câmbio, que já provocou o estouro do teto da meta deste ano (5,5%), pressionará também a inflação do ano que vem.

A projeção do economista considera uma possível melhora do nível de atividade econômica, que tem sido defendida pelos candidatos à Presidência. A partir de uma recuperação na economia, comércio, indústria e serviços, que estão trabalhando com margens apertadas, devem reajustar preços. A estimativa prevê também a continuidade da pressão sobre o câmbio.

Cunha disse que é mais razoável trabalhar com um intervalo de meta entre 5% e 10%, ?pois é utopia imaginar que a inflação ficará entre 3% e 4% no próximo ano?. De acordo com o economista, já há um impacto ?pré-anunciado? da desvalorização cambial para as tarifas públicas em 2003, principalmente de energia elétrica, telefonia e combustíveis, a menos que haja queda nos preços internacionais do petróleo.

A questão das tarifas, na opinião de Cunha, é um grande desafio para o próximo governo. ?O IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado) não reflete a inflação real e cria uma distorção?, explicou o professor. Isso porque 60% do indicador é composto pelo Índice de Preços ao Atacado (IPA) – bastante sensível à alta do dólar, que tem ?sistematicamente ficado acima do IPC?, mesmo na época de inflação elevada.

Um dos reflexos dessa alta do IGP-M é a criação de um piso para os juros, explica o economista. ?O governo só consegue colocar papéis longos no mercado que sejam remunerados pelo IGP-M.? Para ele, esse movimento poderá gerar um efeito de indexação de preços no futuro, prejudicando todo o esforço feito para combater a inflação.

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