O diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, Luiz Awazu Pereira da Silva, avalia que o juro real brasileiro está em trajetória de queda graças à melhora nas condições econômicas do País. “Como é sabido, existe uma tendência de queda do juro real no Brasil em função dos melhores fundamentos macroeconômicos”, declarou a jornalistas, depois de participar do lançamento do Plano de Ação para Fortalecimento do Ambiente Institucional, na sede do Sebrae, nesta quarta-feira, em Brasília.

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Ao comentar sobre o atual trabalho do BC, que vem imprimindo desde meados do ano passado a redução da Selic, referencial da taxa básica no País, o diretor reiterou que a autoridade monetária considera a sua política em função dos parâmetros macroeconômicos vigentes. “Está havendo também um esforço por parte do governo de se refletir sobre a diferença entre os custos de captação e os custos de empréstimo no sistema financeiro”, disse Awazu, traduzindo o conceito de spread bancário.

Quando questionado sobre o aumento da inadimplência nos financiamentos às pessoas físicas e o risco de o fenômeno atrapalhar a inclusão financeira – tema do evento em que estava -, ele lembrou, sem citar casos específicos, que “temos atuado com regulação moderadora para que o crescimento se dê de maneira sustentável e beneficie o conjunto da população e da sociedade brasileira”. No fim de 2010, o BC adotou medidas macroprudenciais para esfriar o ritmo de expansão do crédito para veículos, já que se observavam problemas de atraso e inadimplência.

Awazu citou que, nos últimos anos, a inclusão aos serviços bancários fez com que o número de contas dobrasse. Mesmo assim, segundo ele, não há riscos. “O acesso ao crédito se manifestou no acesso ao consumo da nova classe média. Como autoridade, temos observado com muita atenção os fenômenos de crescimento do mercado de crédito sem nenhum alarmismo.”

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Na visão dele, a atenção da autoridade monetária sobre a inclusão financeira inclui o aprimoramento do arcabouço regulatório do microcrédito e das instituições especializadas em microfinanças, “para o adequado suporte a microempreendedores, bem como a micro e pequenas empresas”. Nesse sentido, mencionou a expansão do pagamento por telefonia móvel (“mobile payment”), destacando a importância de não se privilegiar apenas uma plataforma para garantir a concorrência.

Autonomia

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O diretor fez questão de reiterar que as decisões do BC são técnicas e tomadas com autonomia. Ele ressaltou que, entre os objetivos da instituição, a convergência da inflação à meta está entre as prioridades. Ao falar da atuação da autoridade monetária, disse que “é sempre fazer com que as ações de política monetária se norteiem com autonomia institucional pela necessidade de que a inflação convirja para meta”.

A discussão sobre a autonomia do BC veio à tona diante da chamada cruzada contra os juros altos defendida pelo governo de Dilma Rousseff. Para este ano, o sistema de metas prevê uma inflação de 4,5%, com flutuação permitida de 2 pontos porcentuais para cima ou para baixo.

“A manutenção da estabilidade macroeconômica, de preço e financeira são nossos objetivos como instituição e autoridade monetária”, repetiu Awazu.