A epidemia do coronavírus voltou a afetar o mercado mundial de moedas nesta quinta-feira, 30, dia em que a Organização Mundial de Saúde (OMS) decretou emergência internacional, mas se posicionou contra restrições ao comércio e viagens. O dólar subiu forte nos mercados emergentes e o real foi uma das divisas com pior desempenho, junto com a divisa da Rússia e o rand da África do Sul. No mercado à vista, o dólar fechou com valorização de 0,90%, a R$ 4,2574, maior valor desde 27 de novembro de 2019.

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No começo da tarde, a moeda americana chegou a bater em R$ 4,2725, com as mesas de câmbio antecipando que a OMS fosse hoje declarar emergência mundial para a epidemia do coronavírus, o que acabou se confirmando no final da tarde, após atrasos na coletiva de imprensa na Suíça. Após a confirmação, o dólar acabou reduzindo um pouco os ganhos, no exterior e aqui. A OMS também se opôs “a qualquer restrição de viagens e comércio contra a China”.

“O dia foi de moedas emergentes fracas e dólar forte”, afirma o sócio e gestor da Absolute Invest, Roberto Serra. “Não vejo o real em situação de vulnerabilidade”, disse ele, ressaltando que o movimento de fuga de risco é mundial e reflete o temor de piora da atividade econômica por conta dos efeitos do vírus. Assim, o real acompanha outras moedas de países emergentes e exportadores de commodities.

Apesar de chegar hoje a níveis que, em outros momentos, levou o BC a atuar no mercado, Serra avalia que não há motivos agora para intervenção. “Não vejo nenhum motivo, está tudo dentro da normalidade”, afirmou, ressaltando que indicadores mais técnicos como o cupom cambial (juro em dólar) e a taxa do dólar casado não estão mostrando “disfuncionalidade” do mercado. O dólar casado (a diferença entre as cotações do mercado à vista e futuro) estava em 0,60 ponto na tarde de hoje. Em finais de mês, por conta do vencimento do contrato mais líquido de dólar futuro, este indicador costuma ficar negativo.

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“Este vírus pode afetar a atividade econômica mundial por meses suficientes para colocar em dúvida nos investidores o ritmo de expansão dos emergentes”, avalia o diretor da Duquesne Capital Management, Christian Broda. Ele próprio disse que tem mudado decisões de investimento por conta da rápida disseminação da doença, que já provocou 171 mortes na China e infectou mais de 8 mil pessoas no mundo.