Economia

Dólar tem novo dia de queda com intervenção do BC e recua para R$ 4,30

Em novo dia de intervenção do Banco Central, o real voltou a ser destaque de fortalecimento no mercado internacional e foi a moeda com melhor desempenho. O dólar engatou a segunda queda consecutiva, acumulando recuo de 0,47% nos últimos cinco dias. A injeção de US$ 2 bilhões pelo BC na quinta-feira, 13, e nesta sexta-feira, 14, fez a moeda americana quebrar uma sequência de seis semanas seguidas acumulando altas, valorizando 6,6%. Na sessão desta sexta, o recuo foi de 0,77%, para R$ 4,3004.

O dólar ficou de lado no exterior hoje, após a divulgação de indicadores mistos, com a produção industrial de janeiro decepcionando e as vendas no varejo ficando dentro do esperado, mas com revisão para baixo no dado de dezembro. Ante emergentes, a divisa dos EUA operou mista, com alta ante alguns, como Colômbia (0,41%) e Turquia (0,16%), e queda perante outros, como México (-0,19%) e África do Sul (-0,25%). Assim como ontem, o real teve o melhor desempenho em uma cesta de 34 moedas. Perto do fechamento, o dólar chegou a cair para R$ 4,2940.

“Daqui para frente devemos ter uma normalização, com o câmbio convergindo para um patamar mais neutro, que é R$ 4,10”, afirma a economista-chefe do Santander, Ana Paula Vescovi, ex-secretária do Tesouro. O banco rebaixou hoje a previsão de crescimento do Brasil em 2020 de 2,3% e 2%, após uma série de indicadores fracos do primeiro trimestre. Para o dólar, elevou de R$ 4,00 para R$ 4,10 em dezembro, por conta de fatores como a queda dos preços das commodities internacionais.

Já o economista-chefe para mercados emergentes da consultoria inglesa Capital Economics, William Jackson, avalia que as recentes intervenções do BC estancaram a piora do real, mas a tendência é de mais depreciação pela frente. O real é a moeda de país emergentes com pior desempenho este ano. O dólar acumula alta de 7,18% em 2020. A consultoria elevou a projeção para o dólar no Brasil ao final deste ano, de R$ 4,25 para R$ 4,50.

No curto prazo, o real pode mostrar certa valorização, acredita Jackson, se o temor com o coronavírus se dissipar e os preços das commodities subirem. A consultoria espera que o crescimento vai ficar mais moderado este ano e o déficit da conta corrente vai piorar, por conta da queda das exportações, em meio à perda de fôlego da economia mundial.

“O real vem apanhando, foi a moeda que mais sofreu nestas últimas semanas. Com os leilões, o BC deu fluxo positivo de dólares”, disse o responsável pela área de câmbio da Terra Investimentos, Vanei Nagem. Para a próxima semana, o principal evento é a divulgação da ata da reunião de política monetária do Federal Reserve. A expectativa é ver o que o documento menciona do coronavírus, ressaltam os economistas do banco Wells Fargo.

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